Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 974

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EÇA DE QUEIRÓS POR MIGUEL REAL
FEITOSA, Rosane Gazolla Alves
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Resumo
: É procedimento habitual em tempos pós-modernos, especialmente na
metaficção historiográfica, a retomada de textos de um autor por outros autores, como
pode ser comprovado na esteira de publicações que revisitam as obras de Eça de
Queirós desde a década de 1990. No romance,
A Visão de Túndalo por Eça de Queirós
(Difel
,
2000), Miguel Real (Luis Martins) tem por objetivo fazer a releitura/reescritura
da vida e da obra de Eça de Queirós numa forma de homenagem, no ano do centenário
da morte (Lisboa/1845-Paris/1900), do mais divulgado escritor realista-naturalista
português. No presente texto, nosso objetivo é comentar alguns procedimentos próprios
da metaficção historiográfica empregados por Miguel Real, que atestam a atualidade e
permanência de Eça de Queirós na literatura portuguesa contemporânea.
Palavras-chave
: Miguel Real; Eça de Queirós; geração de 70;
A visão de Túndalo por
Eça de Queirós
; literatura portuguesa contemporânea.
Introdução
Na ficção portuguesa contemporânea (segunda metade do século XX em diante),
conjunto de obras e problemas ainda em processo, podemos encontrar, dentre outros, a
revisitação e desconstrução de figuras e de eventos históricos, a metaficcionalidade e
procedimentos narrativos que desencadeiam a confrontação com escritores canônicos,
fruto de uma mudança de sensibilidade e de uma condição sócio-histórico-econômica
diferente. A ênfase para a questão de aquisição dos bens materiais e da igualdade em
termos financeiros no nível individual, ou seja, a questão dos bens de consumo, parece
que esteve no horizonte dos portugueses nas décadas pós- 25 de abril até por volta do
ano de 2000/início do século XXI; em apenas trinta anos, o português está a caminho do
chamado “europeu”/Europa, tão comentado/desejado pela Geração de 70 portuguesa.
Pode-se comprovar tal fato no dizer do estudioso português, Luiz Mourão, no
capítulo sobre a ficção dos anos 90 em Portugal: “[...] Os níveis de bem-estar e de
consumo têm um aumento sem paralelo na nossa história económica recente, e embora
se esteja ainda longe dos padrões de vida dos países centrais, [entenda-se França,
Inglaterra, Alemanha, como se dizia 1871, vide Conferências do Cassino] há uma classe
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