Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 976

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Fazer a releitura/reescritura da vida e da obra de Eça de Queirós e Geração de 70
portuguesa é o objetivo de Miguel Real, neste romance,
A Visão de Túndalo por Eça de
Queirós
(Difel
,
2000- às vezes, usaremos a seguinte abreviação do título _ VTpEQ ).
“A auto-referencialidade do romance contemporâneo, ao colocar em xeque a
possibilidade de conhecimento de um objeto exterior ao texto, apresenta o autor como
uma espécie de criador de mundos, dentro dos quais ele estabelece as normas que os
regem e as relações existentes dentre as diversas partes que o compõem.” (ESTEVES,
2007, p.17). É o objetivo de Miguel Real
2
, ao colocar-se como um admirador de Eça
de Queirós, na medida em que procura dar a conhecer, ficcionalmente, por meio da vida
e da obra deste, o
modus operandi
literário queirosiano. O presente romance, publicado
no ano do centenário da morte do mais divulgado escritor realista-naturalista português
(1845-1900), pode ser considerado uma forma de homenagem a Eça, como deixa
entrever o narrador-persongem, Miguel Real, alter ego do autor:
Subitamente, Concépcion, que parecia alheada, tocou-me o braço e
perguntou-me, como se segredasse, se eu conhecia o Eça de Queirós, se
o
conhecia bem...
Sim, eu conhecia-o bem, tanto quanto se pode conhecer alguém
de quem se leu todos os livros, todas as cartas e, até, os bilhetes postais, sabia-
lhe os tique supersticiosos, a decoração da casa de Rue du Berry, a Neuilly, a
crônica falta de dinheiro, a vaidade afidalgada, os achaques depois dos 45 anos
e, para cúmulo da boca suspensa de Concépcion, conhecia também, e com
algum pormenor, as evoluções e involuções, ora conservadoras, ora
progressistas, de Eça, ano a ano, e, em certos anos críticos, mês a mês. (
VTpEQ, p.12)
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MIGUEL REAL, pseudônimo de Luís Manuel Marques Martins (Lisboa/1953), licenciado em Filosofia
pela Universidade de Lisboa, Mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta com uma tese
sobre “Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa”, está preparando o doutoramento sobre a mesma
temática. Professor de Filosofia na Escola Secundária “Mem Martins”, em Sintra, possui uma vasta obra
dividida entre o ensaio, a ficção e o drama (neste último gênero sempre em colaboração com Filomena
Oliveira). É crítico literário do
Jornal de Letras, Artes e Ideias- JL,
da
Revista Nova Águia
e atual diretor
da revista do CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias- Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa)–
Letras com Vida: literatura, cultura e arte.
Com outros autores faz o programa
“Um certo Olhar”, na rádio Antena 2 (RTP-Portugal). Algumas publicações
: Introdução à cultura
portuguesa (2011); Agostinho da Silva e a Cultura Portuguesa
(2007);
O Último Minuto na Vida de S
.
(2007);
O Último Negreiro (
2007);
1755-O Grande Terramoto
(2006);
O Marquês de Pombal e a Cultura
Portuguesa
(2006);
O Último Guerreiro
(2006);
O Último Eça
(2006);
A Voz da Terra
(2005);
O Essencial
Sobre Eduardo Lourenço
(2003);
Eduardo Lourenço-Os Anos da Formação 1945-1958
(2003);
Os
Patriotas
(2002) Europress;
Geração de 90
(2001);
Portugal, Ser e Representação
(1998).
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