literário, da mesma forma que a literateratura geral relaciona-se com a literatura infantil.
Tomando as palavras de Maingueneau poderíamos dizer que, no nível do discurso
constituinte, a literatura infantil pertence e não pertence ao universo social, “” na
medida em que se tratam de discursos que raiam o indizível e o Absoluto
“” (Maingueneau, 2010, p.160) . Dizer, pois, que a literatura infantil pertence ao
mundo seria contraditório com sua própria natureza : nenhuma literatura infantil pode
legitimar-se apenas por intermédio de sua função social. O mundo do adulto excede o
mundo da criança.
Em síntese...
Na lógica discursiva, fica evidente que sem localização não há instituição que permita
gerar e legitimar a produção de obras literárias, mas sem deslocamento não há
constituição. Por isso, o produtor do discurso literário está ““ a gerir uma posição
insustentável
, segundo as regras de uma economia paradoxal na qual se trata de, em um
mesmo movimento, eliminar e preservar uma exclusão que é simultaneamente o
conteúdo e o motor de sua criação “” (Maingueneau, 2010, p.161, grifo do autor). A
paratopia é criativa no sentido em que expressa a condição e a produção do próprio
processo criador que se atualiza na obra e contribui para a constituição do discurso
literário.
No campo, entendido como uma dimensão da instituição literária, (Maingueneau, 2006)
considera também uma rede de aparelhos ideológicos na constituição de escritores e
públicos. Penso que, na literatura infantil, escritores e públicos estabelecem contratos
genéricos, nos quais interferem livreiros e editores como mediadores, e também
intérpretes e avaliadores legítimos como professores, no espaço institucional da escola.
Bibliografia
MAINGUENEAU, Dominique.
Gênese dos discursos
. Trad. Sírio Possenti.
São Paulo: Parábola Editorial.
Genèses du discours
. Paris: Pierre Mardaga,
1984/2008.