A obra só se constitui implicando os ritos, as normas, as relações de força das
instituições literárias. Ela só pode dizer algo do mundo inscrevendo o funcionamento do
lugar que a tornou possível, colocando em jogo, em sua enunciação, os problemas
colocados pela inscrição social de sua própria enunciação
(Maingueneau, 2001,
p.30).
A primeira edição é de 1951, editada pelas Publicações da Secretaria da Educação
daquele estado. A segunda saiu em 1979 e a terceira, da Editora Nova Fronteira, na qual
me fundamento, é de 1984. O assunto permanece atual, mas não há reedição e o livro
não se encontra facilmente, em livrarias.
O aspecto semiótico da capa e da divisão dos capítulos aparece em perfeita sintonia com
o conjunto discursivo da obra. Na capa da frente retrata um jardim florido, onde se vê
um quadro em que crianças seguram uma faixa com o nome da autora em letras
vermelhas. Logo abaixo, nesse mesmo quadro, em letras pretas, o título da obra, ladeado
por duas crianças tocando flautim. No projeto gráfico do início de cada capítulo,
destaca-se a materialidade visual: o título em caixa alta e, logo abaixo, as tão,
facilmente, reconhecidas ilustrações dos livros clássicos da literatura infantil, como
Alice no país das maravilhas. Há, pois, essa relação entre a ilustração e a escrita, o que
não deixa de ser singular para um livro de gênese de conferências.
Uma obra nunca surge do acaso, pois são influenciadas pelas condições de produção.
Por isso, é útil lembrar o histórico do envolvimento da autora com conferências e o tema
literatura/educação. Assim é que, por volta de 1930, participa das comissões
responsáveis pelas reformas educacionais do país. No ano seguinte, realiza um inquérito
a respeito das leituras das crianças, para o Departamento de Educação do então Distrito
Federal, que será publicado, em 1934. Neste mesmo ano, realiza conferência, em
Portugal, que será publicada, em 1983, sob o título
Batuque, samba e macumba.
A literatura infantil
Considerando a dificuldade em caracterizar os livros que pertenceriam ou não a rubrica
literatura infantil (livros de imagens, didáticos, gibis e etc) a autora discute questões
como: o conceito de livro infantil, a sua qualidade, o velho hábito de ouvir histórias, a