Breves considerações finais
O que se quis mostrar ao longo do texto é que se a mídia, ou as relações de
comunicação, lidam com poder acabam por constituir subjetividades, pois segundo a
perspectiva foucaultiana, enquanto o sujeito é colocado em relações de produção e
significação, ele é também inserido em relações de poder, como já dissemos. Os
discursos em geral acontecem sempre no interior de outros discursos, com os quais
estabelece co-relações e deslocamentos, num sistema disperso de enunciados.
Diante disso, podemos entender o discurso midiático sempre em relação com
outros discursos que circulam na sociedade, que ativam redes de memórias diversas,
produzindo sentidos também diversos. Nem o sentido, nem o sujeito, nem o enunciado
podem ser entendidos como axiomáticos, unívocos ou imutáveis, pois se constituem
pelo jogo entre discurso e poder e, assim, as subjetividades se definem em papéis-
simulacros, passíveis de se transformarem a qualquer momento, dependendo, enfim, da
materialidade, história e memória que as relações de poder irão permitir que se
desenvolvam.
Referências
FOUCAULT, Michel.
A Ordem do Discurso
: aula inaugural no Collège de France,
pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. 19.
ed. 2009. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
___.
Arqueologia do Saber
. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. 7. ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária. 2008a.
___. Aula de 11 de janeiro de 1978. In: ___.
Segurança, território e população
. São
Paulo: Martins Fontes, 2008b. pp. 03-38.
___. Sujeito e Poder. In: RABINOW, P; DREYFUS, H.
Michel Foucault. Uma
trajetória filosófica.
Para além do estruturalismo e da hermenêutica. Trad. Vera Porto
Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, pp. 231 – 249.
__.
A verdade e as formas jurídicas
. Trad. Roberto Machado e Eduardo Morais. 2. ed.,
Nau Ed: Rio de Janeiro, 1999.
GREGOLIN, Maria do Rosário Valencise. Formação discursiva, redes de memória e
trajeto sociais de sentido: mídia e produção de identidades. In: BARONAS, Roberto