Anais do VII Encontro do Cedap – Culturas indígenas e identidades - page 169

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Por fim, para aprofundar um pouco mais a discussão, é importante dialogar com
teóricos do campo jornalístico, como o professor português Nelson Traquina, os norte-
americanos Bill Kovach e Tom Rosentiel, e o brasileiro Alberto Dines, que passou pelas
redações de algumas das principais empresas jornalísticas do país e embora não atue na
academia, tem dado grande contribuição para a reflexão acerca da imprensa nacional a
partir do Observatório da Imprensa. Tais autores contribuirão para entender como é possível
aprofundar o diálogo entre história política e mídia, buscando no passado respostas para o
presente da sociedade brasileira.
Ampliando a noção do político
Depois de ser o centro dos estudos históricos no período que se estende do final do
século XIX até o início do século XX, o político caiu em descrédito entre os historiadores,
particularmente os franceses. Como lembra Jacques Julliard, a história política conta com
“má reputação entre os historiadores franceses”, entre os quais se encontram March Bloch e
Lucien Febvre, por causa de vários problemas. O autor cita, entre outros, o fato dessa visão
ser “elitista e talvez biográfica”, por ignorar “a sociedade global e as massas que a
compõem”, ser narrativa e ignorar a análise, “ideológica e não ter consciência de sê-lo”,
ignorar o longo prazo e, por fim, factual.
A história política confunde-se com a visão ingênua das coisas, que atribui a
causa dos fenômenos a seu agente o mais aparente, o mais altamente
colocado, e que mede a sua importância pela repercussão imediata na
consciência do espectador. (JULLIARD, 1995, p. 181).
Julliard lembra que, embora a história política continue a representar uma quantidade
importante da produção de livros, “há muito tempo, no entanto, ela deixou de produzir uma
problemática, e de inspirar trabalhos inovadores” (JULLIARD, 1995, p. 181). Para o
historiador francês, isso não seria motivo para que o político seja abandonado
definitivamente como objeto da história. Até porque, como lembra o autor, os problemas de
método no estudo da história política do período sob questionamento não podem ser
confundidos com o objeto.
Entre os motivos pelos quais Julliard justifica a retomada da política como objeto de
estudo da história, estão o reconhecimento de certa autonomia desse campo, com relação,
por exemplo, à economia. Além disso, o autor ressalta que “o fenômeno duplo da revolução
das massas e da programação dos grandes setores da atividade social conduz-nos a uma
concepção política infinitamente mais ampla do que a que foi, geralmente, admitida”
(JULLIARD, 1995, p. 184).
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