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A IMPRENSA COMO OBJETO DE ESTUDO DA HISTÓRIA: PROBLEMAS E
POSSIBILIDADES
Fábio Alves SILVEIRA
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Introdução
Habituados a ver a mídia como fonte de pesquisa e em busca de novos objetos de
estudo para renovar a história política, alguns pesquisadores defendem que os meios de
comunicação podem passar a ser vistos também como objetos de estudo. Tal inquietação
pode ser encontrada nos trabalhos do francês Jean-Noël Jaennaney e do brasileiro Áureo
Busetto, professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Eles levantam pistas para a
inclusão da mídia entre os objetos de estudo de historiadores, em textos como “A mídia”, de
Jeanneney, capítulo do livro
Por uma história política
, organizado por René Rémond e “A
mídia brasileira como objeto da história política: perspectivas teóricas e fontes”, de Busetto,
capítulo do livro organizado por Sebrian, Gandra e Franco.
Mas, para entrar na discussão sobre os problemas da mídia como objeto de estudo,
é preciso antes compreender a tentativa de construir uma nova história política, o que
passa, em primeiro lugar, por alargar o entendimento do que seja política. Entre os vários
autores que assumiram essa tarefa, podemos destacar René Rémond, Jacques Julliard e
Maria Mansor D´Aléssio, que dialogando com autores da ciência e da filosofia política, como
Hannah Arendt, Antonio Gramsci e Louis Althusser, discutem a respeito da ampliação do
político.
Retomando Jeanneney e Busetto, é possível enumerar as dificuldades do historiador
para tomar a mídia como objeto de estudo, consequência do desequilíbrio, primeiro da
fartura de materiais veiculados pela mídia impressa com a escassez de documentos que
ajudem a entender decisões editoriais de jornais que refletem naquilo que é publicado. E em
segundo lugar, na desproporção entre trabalhos sobre mídia impressa e as mídias
eletrônicas. Os autores propõem estudos sobre o financiamento da mídia, o jogo de poder
interno dentro do meio jornalístico, enfim, formas de tentar compreender o que há por trás
da opacidade dos veículos de comunicação – opacidade esta, diga-se, que contrasta com a
cobrança que a mídia faz ao poder público por transparência.
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Mestre em Ciências Sociais - Professor Colaborador Assistente - Departamento de Comunicação Social – UEL – Univ.
Estadual de Londrina – Rodovia Celso Garcia Cid, Km 380, CEP: 86057-970, Londrina-PR. E-mail: