Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 921

Mesmo, sem querer , ent regou os olhos ao polvilho , que
ofuscava
, na
l a j e , na vez do sol. Ainda que por ins t ant e, achava a l i um poder ,
cont empl ado, de grandeza, di l a t ado repouso, que desmanchava em
branco
os rebul i ços do pensamento da gent e , a torment ant es.
A
alumiada
surpresa .
Alvava (PE, p .138).
Es ta passagem antecede o desfecho do conto. Sionés io
ent rega-se ao polvi lho, ou seja, acei ta o amor que sente pela protagoni s ta. A
subs tância é poderosa, dilui qualquer dúvida ou raciocínio, poi s tudo ofusca
e desmancha em branco. Se concordarmos que o polvi lho é a metáfora de
Mar ia Exi ta, percebemos que ele se rende aos encantos da moça. Era, afinal ,
um momento i luminado, uma surpresa luminosa, descobrir o amor , por isso
tudo se clareava, tornado alvo.
Vimos , poi s , como, ao descrever o romance de Sionés io e
Mar ia Exi ta, Guimarães Rosa mimet iza a protagoni sta à substância com a
qual t rabalha, tornando ambas pai sagem e, ao mesmo tempo, t ransformando-
as , surpreendentemente, em metáfora do amor . Como resultado dessa
descr ição, o texto adqui re uma beleza poét ica e o lei tor , passeando por ele,
vai encontrar o estado de depuração es tét ica, da mesma forma que a
personagem depurou-se a s i e à subs tância.
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