Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 919

parados, dent ro da luz , como se fosse no di a de Todos os pássaros (PE,
p .138).
Es te t recho aflora, todo ele, como uma surpresa. Al iás , em
sua anál i se do conto, Mar tha Gonçalves lembra que Maria Exita “surge a
par t i r do polvi lho, como uma surpresa, como uma f lor”(GONÇALVES,
1996, p.97) . Se Benedi to Nunes cons idera que no conto há uma
t ransubs tanciação da matér ia – o polvi lho convertido na pedra filosofal ,
metáfora da pureza - ; podemos pensar também na t ransubs tanciação da
palavra, matér ia para expr imi r o amor, como demons t ra es ta passagem que
fecha o conto.
A junção dos pronomes
um
e
outra
, com a posterior
nominalização através do ar t igo
o,
como que amalgama os protagoni s tas,
cr iando um só elemento, efei to, al iás , com que o modal izador
colabora.
O procedimento continua, at ravés de recurso parecido: nominal ização, agora
com o ar t igo
um
, indef inido, que jus tamente aumenta a indef inição dos doi s ,
unidos
em-si-juntos
. Em seguida, a “heresia” de formar um advérbio a par t i r
de um subs tant ivo, já que o s i s tema cr i s tal izou em nossa gramát ica
internal izada que o suf ixo –mente, formador de ci rcunstanciai s, só pode se
juntar a adjetivos. Mai s uma vez Guimarães Rosa vai além das vi r tual idades
da l íngua, cr iando uma formação interdi ta,
coraçãomente.
Es te manei ra de
encarar o viver não exclui o lado racional , já que os doi s-pontos asseguram:
pensamento, pensamor
. Este neologismo, como a seqüência de um livre
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