Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 916

c i rcundant es . A Na tureza se t rans forma em pa i sagem,
envolvendo os amant es e sendo envolvida por e l es . O encontro
do amor , a sua descober t a e consumação , par t i lhados pelo
mundo, fazem t rans lúc idos os corpos dos que se amam e a
rea l idade f í s i ca . A enxer t i a s imból i ca das imagens empregadas
para descrever esse ins t ant e, em harmoni a com os e l ementos
na tura i s do cenário, que é uma pedrei ra , de onde se ext ra i o
polvi lho , provém da pedra fi losofal , como arqué t ipo da
t ransf iguração da a lma e do cosmo, redimidos de suas
impurezas e imper fe i ções (NUNES, 1969, p.155) .
De manei ra exemplar , o cr í t ico expressa a ambiência que
Guimarães Rosa faz aparecer . Mai s do que relatar uma ação, o conto
t ransforma-se numa pai sagem, deixando falar a me táfora da
t ransubs tanciação. Benedi to Nunes compara, então, a t ransformação da
mandioca em polvi lho à pedra fi losofal , ápice da sabedoria alquímica,
produto que se or igina da pedra e que, depois de várias t ransmutações,
torna-se pluripotente, podendo transformar metal em ouro ou gerar energia
para manter a vi tal idade. E essa idéia pode ser recuperada em out ros
momentos do texto: as dúvidas do fazendei ro, às quai s o cr í t ico chama de
“hesi tações”, vocábulo em que ressoa o nome da protagoni s ta, Mar ia Exi ta,
di ssipam-se em cer teza. Também a palavra “enxer tia”, aparentemente
pinçada a dedo no dicionário, remete ao nome dela, da menina feia,
conduzida
pela ponta da mão
(PE, p.133) por Nhat iaga, que se torna uma
bela mulher . Es ta t ransformação já está anunciada desde o primei ro
parágrafo do texto, em que o fazendei ro lembra como a re-conhecera numa
fes ta, em maio,
ela, flor
(
idem
) .
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