Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 918

Não pareci a padecer , ant es t i rava segurança e folguedo, do t r i st e ,
s ini st ro polvilho, port entoso , ma i s a ma ldade do sol . E a be l eza . Tão
l inda, c l ara , cer t a – de avivada carnação e a i rosa – uma i az inha , moça
fe i t a em cachoei ra (PE, p.135) .
Para Benedi to Nunes, o polvi lho “tem a refulgência
esplêndida em que se t ransubstancia o brilho fí sico elementar subsistente. É
a alvura com a qual os alquimi stas s imbol izam o es tado de puri ficação”
(1969, p.155) .
Na passagem, além do léxico que remete à alvura, cabe
reparar no vocábulo
iazinha
, que é uma das var iações de
sinhá
, já em
desuso nas grandes cidades (Mar t ins , 2001, p.267) . Na verdade,
iaz inha
der iva-se de
iaiá,
var iação de
s inhá
destinada às jovens (Houai ss , 2001, cd-
rom) . É um diminut ivo der ivado de uma formação que, pela repet ição das
s í labas , expr ime afetividade; é, por tanto, duplamente afet ivo.
Por fim, uma terceira poss ibi l idade sugere que a moça,
“feios inha, magra, hi s tor iada de desgraças”, então bruta, não lapidada, dura,
transforma-se em flor . Se do polvilho em pedra faz-se a farinha, Maria
Exi ta, ex-pedra, ex- i ta, t ransubstancia-se na mulher amada, vi ra f lor . Nas
palavras f inai s do conto, o fazendei ro junta-se a ela no t rabalho braçal de
quebrar o polvi lho, e os doi s se fundem em br i lho e luz:
Só o um-e-out ra, um em- s i - juntos, o viver em ponto sem
parar , coraçãoment e : pensamento , pensamor . Alvor . Avançavam,
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