I Anais do Simpósio de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa - SILALP - page 117

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messiânico, criado em torno do rei D. Sebastião, está relacionado à libertação do povo
português, já que no caso do regresso garantiria a independência. Portanto, coloca-se em D.
Sebastião as esperanças da libertação pela necessidade de concretizar a aspiração em uma
pessoa que dê realidade à crença messiânica.
No campo literário é possível avistar o trabalho poético de Fernando Pessoa na
obra
Mensagem
(1934) como uma ilustração épica moderna sobre Portugal e constitui uma
voz expressiva acerca do sebastianismo, com citações diretas e também por meio de
símbolos. É empregado olhar de destaque para a história do rei que foi o último da dinastia
de Avis. Ao longo dos poemas, nota-se o sebastianismo como meio de se traçar e
reconstituir a identidade da nação.
A obra dividida em três partes – “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto” –
refaz o caminho traçado por Camões n’
Os Lusíadas
, porém, traz um D. Sebastião
“elaborado pelo sebastianismo e pela humilhação, esse é o Encoberto, o Desejado, uma
sombra, um mito.” (COELHO, 1983, p. 106) e, por essa razão, compreende-se que
enquanto Camões põe à vista a memória e a esperança, Pessoa traz a utopia.
A seguir, refletiremos acerca da construção de alguns poemas, os quais se
destacam pela sua dedicatória explícita à D. Sebastião de maneira a fazer com que se
atente para sua importância histórica.
II.
A “Mensagem” messiânica:
O poema “D. Sebastião Rei de Portugal” inserido na primeira parte da obra
Mensagem
nomeada “Brasão” e figura o eu-lírico como a voz do próprio rei que se
mostra um possível louco sonhador.
QUINTA
D. SEBASTIÃO
REI DE PORTUGAL
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
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