A LEITURA E A PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS NA ESCOLA E O
PRIMADO DO INTERDISCURSO: A FORMAÇÃO DE UMA ATITUDE
RESPONSIVA
Kelly Cristina Bognar SACOMAN
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RESUMO
Este artigo discute a intersecção existente entre interdiscurso e leitura e produção
de textos escritos no processo de ensino e aprendizagem dessas práticas sociais. Assim
sendo, tais atividades pedagógicas são tomadas como uma forma de colocar o discurso
em funcionamento, em que o interdiscurso emerge na condição de possibilitar ao outro
uma atitude responsiva diante do texto ou discurso escrito.
No trabalho são apresentadas atividades de linguagem, leitura e produção de
textos escritos, entendidas como gestoras de situações discursivas em que se constituem
alunos leitores e produtores de textos conscientes e autônomos. As posições que as
crianças ocupam nessas práticas variam muito, podendo assumir ora a posição de autor,
ora a de leitor, ora a de narrador. As situações empíricas experimentadas pelos alunos
em sala de aula, a partir da troca do lugar social feita por meio de práticas sociais de
leitura ou escrita, permitem que o interdiscurso seja aflorado.
Palavras-chave: Interdiscurso, Intradiscurso, Leitura, Produção de textos escritos,
Práticas discursivas.
A criança, mesmo antes de ser inserida no mundo dos textos escritos, já realiza
leituras, isto é, lê o mundo a sua volta, as situações vivenciadas são apreendidas, o
contexto imediato constitui o enredo de suas vidas, cujo sentido se dá por meio dessas
experiências interpretadas. É desse modo que “a leitura do mundo precede a leitura da
palavra” (FREIRE, 2005, p. 12), visto que a criança está intensamente envolvida num
processo de constituição de sentidos incessante. Portanto, ler é um ato que a criança já
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Linguística, área de concentração Ensino e
Aprendizagem da Língua Materna. PPGL – UFSCar. São Carlos. FAPESP.