deveriam ser preenchidos com os pensamentos dos personagens. Para indicar que se
tratava de pensamentos e não de fala, as cabeças dos personagens eram ligadas aos
balões por meio de pontinhos. Igualmente a estrutura das histórias em quadrinhos, os
alunos já estavam familiarizados com esse gênero textual e sabiam a diferença entre os
balões de fala e os de pensamento.
Desse modo, a atividade tinha por finalidade que os alunos lessem as ilustrações
e desenvolvessem a escrita, dando voz aos personagens. No entanto, essa voz era a
“voz” dos pensamentos, das falas interiores dos personagens. No primeiro quadro,
aparece a Chapeuzinho Vermelho andando e carregando uma cesta e o aluno escreveu
nele as falas do pensamento dessa personagem, fazendo inferências de seu raciocínio a
partir da orientação de sua mãe, segundo as falas da história real. Ele quis mostrar que a
garotinha preocupava-se com a vovó e estava ansiosa para constatar seu estado de
saúde, pois no conto relata que a vovozinha estava muito debilitada, com a saúde fraca e
isso permeava os pensamentos da menina. A criança começa a escrita do primeiro balão
com um
será
. Com essa postura, observa-se que a criança compreende que o
pensamento é uma forma de reflexão, de fala consigo mesmo e é o que propõe. O aluno,
ainda, reproduziu no pensamento da menina a orientação de sua mãe. (Não conversar
com estranhos pelo caminho). Tal informação é importante, pois revela que o aluno
trouxe para a escrita aquilo que pensa ser relevante. Muito provavelmente, a mãe do
produtor desse texto, também já lhe dera esse conselho e isto deve tê-lo marcado e, num
momento de enunciação dessa natureza, essa informação reaparece em sua escrita.
O segundo quadrinho contém as falas dos personagens, Chapeuzinho Vermelho
e Lobo Mau. Portanto, é o indicador que orientou as crianças na construção de sua
escrita, serviu como um balizador para as construções dos pensamentos do passado e
futuro.
Já no terceiro quadrinho há a figura do Lobo Mau correndo. Nota-se que a
criança formula o pensamento do lobo, imprimindo-lhe toda a sua argúcia; o seu intento
de chegar primeiro na casa da vovó, enganar a menininha e comê-la, tal qual ocorre na
história. No momento de estruturação da escrita, a criança omite algumas palavras;
repete a expressão
eu vou
por três vezes, não porque o autor do texto não saiba o
contexto da narrativa, mas porque a história é conhecida pela criança, num laborioso
trabalho de constituição de sentido esta vai, como que explicitando o raciocínio
implícito dos personagens, justificando as suas falas na história conhecida. Por mais que
o aluno domine o conteúdo da narrativa, a escritura exige dele uma reflexão sobre o que