A noção de esfera (ou campo)
No caso das teorias formuladas pelo Círculo, as quais embasam a pesquisa de
mestrado, o conceito de
campo
ou
esfera
diz respeito às áreas específicas de propagação
dos discursos; tratam-se de espaços ‘nomeados’ em prol de certa ‘organização
discursiva’, ou seja, de grupos sociais que se constituem a partir de determinadas
concepções e interesses em torno de um mesmo objeto, sendo essas mesmas concepções
e interesses assegurados por meio da circulação de textos, que ocorre dentro ou fora
dessas esferas.
Diante do que se define, na perspectiva do Círculo, enquanto
campo
ou
esfera
discursiva
é que se nomeia de
esfera educacional
o lugar onde se elaboraram tanto os
documentos oficiais para o ensino de Língua Portuguesa quanto os manuais
direcionados à mesma disciplina. Afinal, tratam-se os documentos e os livros didáticos
de textos que, embora distintos, giram em torno do mesmo objeto (a língua) e do mesmo
interesse (o seu ensino).
Ainda de acordo com as teorias de Mikhail Bakhtin, as ações (ou interações)
entre os sujeitos são o que garantem a constante atualização e desenvolvimento das
comunidades discursivas às quais pertencem. Tais interações se efetivam por meio dos
enunciados
, orais ou escritos, que são produzidos sob as regras e intenções específicas
de cada campo. É nesse sentido que, segundo aponta Sheila Grillo (2006), a noção de
campo/esfera “se constitui em importante alternativa para pensar as especificidades das
produções ideológicas” (op.cit., p.147).
A linguagem da qual se apropria e sobre a qual atua o sujeito em suas interações,
no processo mesmo da fala (enunciação), já traz em si as características e ressonâncias
de sua esfera discursiva, ela evoca determinadas significações – que lhe foram
conferidas ao longo da história, das interações precedentes - e as atualiza, no momento
da enunciação, permitindo, desta forma, a manutenção e, mais que isso, a evolução do
mesmo campo/esfera. Ao mesmo instante, portanto, em que se constrói um texto ou,
mais amplamente, um enunciado; em que se dirige a outro(s) indivíduo(s) por meio de
uma linguagem que fora constituída sob as regras de determinado campo discursivo,
seja ele político, religioso, literário, educacional ou do cotidiano, contribui-se para a
perpetuação e, mais que isso, para o desenvolvimento do mesmo. Nesse sentido, ao
