Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1127

Se, durante a arte medieval, a principal característica eram as vestimentas e
armaduras que simbolizavam o período, a Renascença européia redescobre a estética da
nudez, numa perspectiva meramente naturalista e repleta de valor simbólico.
De fato, o simbolismo do nu desenvolve-se em duas direções: a da pureza física,
moral, intelectual, espiritual, e a da vaidade lasciva, provocante, desarmando o espírito
em benefício da matéria e dos sentidos. Isso credencia as duas Vênus: Afrodite
Pandemus (deusa do desejo brutal), e Afrodite Urânia (deusa dos amores etéros e
celestiais).
Dicionário de Símbolos
(1982, p.96).
Na visão tradicional, a nudez do corpo é uma espécie de retorno ao estado
primordial, ou seja, como no batismo, quando o iniciado abdica da vida anterior em
razão de uma vida nova. Temos, então, como perspectiva central, ações que elevam o
espírito e a alma a condições de pureza e elevação.
Encontramos, na tradição bíblica, exemplos para demonstrar o simbolismo da
nudez, onde Adão e Eva, no jardim do Éden, andavam nus. Somente após a queda, pelo
pecado original. É que o primeiro casal passa a utilizar-se de vestimentas. Consideramos
essa nudez, tomada primeiro como símbolo de um estado em que tudo está manifesto,
não oculto. De maneira que essa nudez original, quando vestida, cria a ruptura nas
relações de Deus para com o homem e com seus semelhantes, perdendo a simplicidade
e a clareza primitivas.
Diferente dessa tradição bíblica, os gnósticos consideram a nudez como um
símbolo do ideal a ser atingido. Trata-se então de uma nudez da alma que rejeita o
corpo; sua vestimenta é sua prisão, para poder reencontrar seu estado primitivo e voltar
às suas origens divinas (v. Evangelho de Tomás, 21, 27).
O simbolismo do vento apresenta vários aspectos. Devido à agitação que o
caracteriza é um símbolo de vaidade, de instabilidade, de inconstância. É uma força
elementar que pertence aos deuses, o que indica suficientemente a sua violência e sua
cegueira. No
Dicionário de Símbolos
de CHEVALIER & GHEERBRANT (2006),
encontramos o seguinte comentário a respeito da ação dos ventos:
Por outro lado, o vento é sinônimo do sopro e. por conseguinte, do Espírito,
do influxo espiritual de origem celeste. Esta é a razão por que os Salmos,
fazem dos ventos mensageiros divinos, equivalentes aos anjos. O vento até dá
o seu nome ao Espírito Santo. O Espírito de Deus que se move sobre as
Águas primordiais é chamado de vento (Ruá): é um vento que traz aos
Apóstolos as línguas de fogo do Espírito Santo. Os quatro ventos também
foram relacionados às estações, aos elementos, aos temperamentos.
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