Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1124

existem fortes indícios que o próprio Lourenço de Médici também fosse apaixonado
pela divina.
De acordo com o Dicionário de Símbolos na Arte de Sarah Carr-Gomm (2004,
p. 218.):
No quadro de Botticelli, a deusa clássica Vênus emerge das águas em uma
concha, sendo empurrada para a margem pelos Ventos D’oeste, símbolos das
paixões espirituais, e recebendo, de uma Hora (as Horas eram as deusas das
estações), um manto bordado de flores. Alguns especialistas argumentam que
a deusa nua não representaria a paixão terrena, carnal, e sim a paixão
espiritual. Apresenta-se de forma similar a antigas estátuas de mármore (cujo
candor teria inspirado o escultor do século XVIII Antonio Canova), esguia e
com longos membros e traços harmoniosos.
A grande maioria das obras desse período renascentista foi encomendada pela
Igreja católica. Portanto, todo artista dela necessitava para obter destaque e sucesso e
desse modo sobreviver da arte.
Botticelli, apesar de descrito pelos historiadores como pagão, apesar de gozar do
prestigio dos nobres da época, também necessitava das encomendas da Igreja, como os
demais.
Nessa obra, “O Nascimento de Vênus”, o artista utiliza-se de características da
arte pagã, com fortes influências mitológicas, sendo uma surpresa, para alguns
estudiosos, essa obra não ter sido destruída como outras obras do autor que foram
queimadas pelos fanáticos seguidores do padre Girolamo Savonarola - As Fogueiras de
Savonarola - citada no livro “
A regra de quatro
” (Ian Caldwell, 2004, p 67-69). Esses
seguidores reuniram e queimaram publicamente milhares de objetos considerados
pagãos, no centro da cidade de Florença, na Itália.
Ao analisarmos as principais características dessa pintura de Botticelli,
verificamos que as formas anatômicas utilizadas na pintura da Vênus destoa da maioria
das obras renascentistas do período, assim como outros pequenos detalhes, que não
possuem a mesma clareza e o realismo clássico do Renascimento, não condizendo,
principalmente, com Leonardo da Vinci e Rafael.
Como elemento destoante nas formas do corpo humano, temos o pescoço,
representado de maneira esticada e irrealisticamente longo, e seu ombro esquerdo, que
se posiciona em ângulo anatomicamente improvável.
Vários estudos foram realizados, sobre a anatomia da Vênus, mas segundo
Nicolas Mann, organizador da coleção
Grandes Civilizações do Passado –
Renascimento
(2004), não se sabe se tais detalhes constituíram erros artísticos ou
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