Seguindo as palavras de Hugo Von Hofmannstal (Stockholm, 1946), o símbolo
afasta o que está próximo, reaproxima o que está longe, de modo que o sentimento
possa apreender tanto uma coisa como outra.
Para que possamos ter a percepção do símbolo, temos a necessidade de atuar e
participar sobre o mesmo, ou seja, depende de uma ação direta e não apenas da
observação da ação do mesmo.
O símbolo existe somente no plano do sujeito, mas com base no plano do objeto.
Atitudes e percepções que exprimam ou manifestem as idéias ou preferências próprias
da pessoa, desta forma invocam uma experiência sensível, e não uma conceitualização.
É próprio do símbolo o permanecer indefinidamente sugestivo: nele, cada um vê
aquilo que sua potência visual lhe permite perceber. Faltando intuição, nada de
profundo é percebido (Wirth, 1966).
Pode-se dizer, segundo CHEVALIER & GHEERBRANT (2006), que o símbolo
ultrapassa as medidas da razão pura, uma vez que, segundo D’Ávila (2007), pode ser
conceituado “pela lógica das ponderações e probabilidades. Não surge, porém, como o
fruto maduro de uma conclusão lógica ao cabo de uma argumentação com falhas”. A
análise que fragmenta e pulveriza é voltada ao signo, mostrando claramente seu poder
intrínseco que nos possibilita diferenciar, largamente, a identidade de cada um. Captar a
riqueza do símbolo, a intuição frágil nem sempre o consegue; para isso, ela deve ser
eminentemente ampla, sintética e intelectualmente bem dotada para, não apenas pelo
impulso meramente intuitivo, partilhar e provar de uma certa visão do mundo,
delineando suas características simbólicas e semi-simbólicas.
O símbolo tem, como privilégio, concentrar o destinatário sobre a realidade de
partida, em todas as forças evocadas por cada imagem simbólica e por suas análogas,
em todos os planos do cosmos e em todos os níveis da consciência. Cada símbolo é um
microcosmo, um mundo total.
Diferenciando
signo
de
símbolo
, conforme D’ÁVILA (2007), Hjelmslev
definiu o
signo
como uma grandeza biplanar (expressão + conteúdo
estruturalmente independentes), e o
símbolo
como uma grandeza das
semióticas monoplanas, as que só comportam um plano de linguagem, ou
aquelas cujos dois planos (expressão e conteúdo) estariam ligados por uma
relação de “conformidade” (correspondência termo a termo entre as unidades
(Greimas; Courtés, 1979, p .60). Exemplo: o sinal de trânsito “vermelho”
corresponde a “pare”, o “verde” a “siga” e o “amarelo”, “atenção”; a balança,
à justiça. A não conformidade caracteriza, ao contrário, as semióticas
biplanas (ou semióticas propriamente ditas).