Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1118

“enxergar” (voluntário e assumido com intencionalidade). Para tanto, por
meio de metodologia específica e do uso de ferramentas e estratégias ao
alcance do pesquisador, a teoria da figuratividade visual condensa-se nos
seguintes passos: 1) na desconstrução do sentido no texto visual; 2) em colher
seus efeitos de sentido e
ressonâncias
poético-míticas; 3) em observar seu
efeito figurativo, seu /parecer/ como representação; 4) em apreender sua
estrutura figural, seu /ser/, no que tange à presentificação. Os itens 2) e 3),
quando observados em simultaneidade, caracterizam o símbolo. Os itens 3) e
4) definem o signo, quando analisados separadamente. A não-concomitância
possibilita-nos a apreensão do caráter figurativo e de sua interpretação na
qualidade de Substância do Conteúdo; assim como a “triagem pós-reflexiva”
sobre o caráter figural e sua interpretação na qualidade de Forma do
conteúdo.
Todas as ciências do homem e todas as artes, bem como as técnicas que delas
procedem, deparam-se com símbolos em seu caminho. Devem conjugar esforços para
decifrar os enigmas que esses símbolos propõem; associam-se para mobilizar a energia
condensada que neles se encerra. CHEVALIER & GHEERBRANT (2006),
organizadores do dicionário de Símbolos, comentam:
“Vivemos num mundo de símbolos e um mundo de símbolos vive em nós.”
Ainda em Morier (1998, p. 1.161),
símbolo é um objeto concreto escolhido para significar uma ou outra de suas
qualidades dominantes. A esfera é o símbolo da perfeição; a água é o símbolo
da leveza, da transparência, da purificação, do batismo.
A expressão simbólica traduz o esforço do homem para decifrar e subjugar um
destino que lhe escapa em meio às obscuridades que o rodeiam.
Não temos por objetivo, nesta pesquisa, criar um conjunto de definições para
símbolos. Pois um símbolo escapa a toda e qualquer definição que ensaie conceituá-lo
sem prévio encaminhamento de ordem científica.
É próprio de sua natureza romper os limites estabelecidos e reunir os extremos
numa só visão.
CHEVALIER & GHEERBRANT (2006) comentam, ainda, sobre o
símbolo:Assemelha-se à flecha que voa e que não voa, imóvel e fugitiva,
evidente e inatingível. As palavras serão indispensáveis para sugerir o sentido
ou os sentidos de um símbolo; mas, lembremo-nos sempre de que elas são
incapazes de expressar-lhe todo o valor.
Segundo palavras de Georges Gurvitch1 (2006), os símbolos revelam velando e
velam revelando.
Na célebre Vila dos Mistérios de Pompéia, que as cinzas do Vesúvio recobriram
durante séculos, uma admirável pintura, cor de malva sobre um fundo vermelho, evoca
1...,1108,1109,1110,1111,1112,1113,1114,1115,1116,1117 1119,1120,1121,1122,1123,1124,1125,1126,1127,1128,...1290
Powered by FlippingBook