Por certo tempo, sobretudo na fase inicial, a preocupação da semiótica foi
exclusivamente com o percurso gerativo do sentido. Separaram-se o plano do conteúdo
e o plano da expressão para debruçar-se apenas sobre o plano do conteúdo. Nos últimos
anos, porém, as preocupações se voltaram para os dois extremos do percurso gerativo:
a)
aquém
do percurso gerativo:
A questão das precondições do sentido, a precondição tensivo-fórica. O sujeito
que percebe (exteroceptivo e interoceptivo) e o sujeito que sente (dimensão
proprioceptiva). Em seu último livro, Floch (1997, p. 39), ao se referir à dimensão do
sensível (contato entre o si e o mundo), diz que esse campo da sensação estaria “aquém
do semiótico” (no plano neuro-biológico, talvez).
b)
além
do percurso:
Embora os estudos enunciativos tenham sido incorporados na década de 1970,
seus desenvolvimentos na semiótica ainda é algo muito presente. Podem-se destacar na
enunciação as preocupações com as projeções de pessoas, tempo e espaço dos discursos
e as relações entre enunciador e enunciatário para os estudos de argumentação.
Beividas (1995, p. 175), falando dos limites do percurso gerativo que delimitam
a existência semiótica do sujeito, diz:
Importa notar aqui que a ‘região’ semiótica entre esses dois limites não está de uma vez
fixada para sempre. Ela deve ser concebida com relativa ‘elasticidade’. E essas forças
de pressão, para um lado ou outro, são edificantes na medida em que testam os graus de
elasticidade. Noutras palavras o desafio parece ser: até onde puxar o
a quo
para a região
substancialista do corpo e esticar o
ad quem
para os limites extremos do texto (e
intertexto), sem perder a pertinência da existência semiótica do sujeito.
Além dos desenvolvimentos da metodologia, focando o plano do conteúdo por
meio do percurso gerativo do sentido, a semiótica sofre mudanças no que diz respeito
aos seus objetos: “da análise inicial de um certo tipo de texto – verbal – passou-se a
textos não-verbais, sincréticos, figurativos ou temáticos, poéticos (de arte, em geral),
científicos, canções etc., enfim, a qualquer tipo de texto.” (Barros 2007, p. 16).
Os novos objetos obrigam a semiótica a reformular também sua metodologia.
Aqui, apontamos uma terceira tendência na teoria: o estudo do plano da expressão.