ações iguais em todos eles. Das 31 funções (entendidas como as ações das personagens
na narrativa), Greimas vai reduzi-las à relação entre sujeito e objeto
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.
Assim a semiótica da ação privilegia o esquema narrativo canônico, que
explicita passo a passo o desenvolvimento da relação entre sujeito e objeto nos seus
estados juntivos (conjunção e disjunção). “A existência semiótica é dada pela relação do
sujeito com um objeto. Em outras palavras, um sujeito só tem existência na medida em
que está em relação com um objeto.” (Fiorin 2000, p. 178). Quando o sujeito está em
poder de seu objeto, dizemos que esse sujeito está em conjunção com seu objeto;
quando está privado dele, o sujeito está em disjunção. Em grande parte, conjunção é um
estado positivo, enquanto disjunção é negativo. Há casos, todavia, em que a conjunção é
negativa. O vício de beber é uma conjunção negativa. A disjunção ─ longe da bebida ─
seria positiva.
A semiótica da ação, talvez por ter sido a primeira preocupação na semiótica,
apropriando-se da narratividade, foi mais desenvolvida que a semiótica da paixão. Essa
primazia, ou talvez essa antecedência, faz com que a semiótica da ação seja sempre uma
referência.
Com os desdobramentos das modalidades da semântica narrativa, do nível
intermediário do percurso gerativo (nível narrativo), a semiótica enveredou pelos
estudos das paixões (Greimas; Fontanille 1993). A modalização do ser dá existência
modal ao sujeito de estado, definindo estados passionais, que são efeitos de sentido de
bem-estar ou de mal-estar, resultante da relação do sujeito com seu objeto. Esses
estados passionais são chamados de “paixão”, que “devem ser entendidas como efeitos
de sentido de qualificações modais que modificam o sujeito do estado” (Barros 2001, p.
61). A paixão (estado de alma) foca o sujeito de estado, que segue um percurso
entendido como uma sucessão de estados passionais.
Qualquer texto pode discursivizar a subjetividade em seu discurso. Com isso,
constroem-se o discurso apaixonado (quando há um tom passional, ou seja, a paixão
subjaz ao ato enunciativo) e o discurso da paixão (quando essa paixão é citada ou
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Os objetos são investidos de um valor. Por isso, o sujeito busca, em verdade, não o objeto, mas o valor
nele investido. Um jovem que queira comprar um carro deseja não o carro em si (objeto), mas o conforto
(valor) que o veículo lhe proporcionará. Dependendo do valor, o objeto pode ser definido como objeto-
valor ou objeto-modal. Este é o meio que permite chegar ao objeto-valor, da falta à realização; aquele é o
fim ao qual almejo. No exemplo dado acima, o dinheiro é objeto-modal, ao passo que o carro é objeto-
valor.