percurso gerativo
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serve para explicar a construção do sentido: como a significação vai
se construindo no interior do texto.
Sendo um ramo das ciências da linguagem que se ocupa dos conjuntos
significantes, seu objeto de análise será sempre um signo, tomado no sentido amplo do
termo (texto verbal, não verbal e sincrético), enfim, tudo que carreia um sentido.
A semiótica greimasiana nasceu na década nos anos de 1960, no auge do
estruturalismo. Os grandes precursores dessa ciência são o suíço Ferdinand de Saussure
(1857-1913) e o dinamarquês Louis Trolle Hjelmslev (1899-1965). O método de
Saussure (1969) funcionou como uma ciência piloto entre as ciências humanas,
oferecendo um modelo de cientificidade. E a teoria da linguagem proposta por
Hjelmslev (1975) é uma continuação dos ensinamentos do mestre genebrino. “A práxis
descritiva proposta por
Semântica Estrutural
e pelo
Dicionário de semiótica
permite
aplicar o aparato teórico dos
Prolegômenos
à análise dos textos que Hjelmslev
recomendava.” (Fontanille; Zilberberg 2001, p. 63)
Surgida nesse cenário, não poderia fugir do caráter estrutural, evidente sobretudo
quando se aborda, no nível fundamental do percurso gerativo, as estruturas elementares.
O título de seu discurso fundador,
Semântica estrutural
, publicada em 1966, por
Algirdas Julien Greimas, é mais uma indicação dessa influência. Sua ligação com o
estruturalismo francês e sua insistência em um imanentismo ortodoxo, conferiu-lhe
inicialmente um caráter formal, anti-historicista e “idealista”.
Os estudos enunciativos
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O percurso gerativo de sentido apresenta três níveis de leitura: fundamental, narrativo e discurso. O
primeiro deles, o fundamental, baseia-se na projeção da categoria tímico-fórica /euforia/ e /disforia/.
Nesta fase, os valores ainda são virtuais, não estando relacionados a um sujeito. Transferindo-se ao nível
imediatamente superior — o percurso vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto —, a
categoria tímico-fórica converte-se em categoria modal, modificando a relação do sujeito com seu objeto.
Neste plano narrativo, os valores são atualizados e investidos no objeto, relacionando-se, por disjunção ou
conjunção, com o sujeito. Daí, portanto, a denominação
objeto-valor
(Ov): é o ser querido, é aquilo que
se busca e se quer alcançar ao final das transformações de estado de uma narrativa.
Cada um dos níveis de leitura é composto de seus respectivos elementos: a) no fundamental, há
termos-objetos, formando uma estrutura elementar; b) no narrativo, actantes (destinador-manipulador,
sujeito, destinador-julgador, oponete, adjuvante e objeto); c) no discursivo: enunciador/enunciatário
pertencentes à enunciação pressuposta e narrador/narratário pertencentes à enunciação enunciada ou ao
enunciado propriamente dito. Os actantes são concretizados no texto pelo atores, que são as personagens.