Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 341

buscaram compreender como os candidatos a cargos políticos constroem por meio de
seus discursos um conjunto de imagens de si. Neste trabalho, tomamos como objeto os
discursos produzidos pelos candidatos a prefeito de São Carlos, Oswaldo Barba e Paulo
Altomani, nas eleições municipais de 2008 com o objetivo de verificar como esses
candidatos constroem as imagens sobre si nos seus discursos políticos.
Nosso artigo está ancorado teórica e metodologicamente na Análise do discurso
– AD – de orientação francesa, concebida com a
Análise Automática do Discurso
, em
1969, pelo filósofo Michel Pêcheux. Podemos pontuar que, já nessa fase de construção
das grandes teorias da AD, surgia o estudo das imagens de si. Pêcheux, em AAD69,
contesta o esquema “informacional” de Jakobson entre destinador e destinatário, uma
vez que a “mensagem” é vista como transmissão de informação. Propõe, então, o termo
discurso
, que implicaria não em uma transmissão de informações entre A e B, mas sim
em “efeitos de sentido” entre eles. A e B não seriam os sujeitos empíricos, “organismos
humanos individuais”, mas “lugares determinados na estrutura de uma formação
social”. Sendo assim, esses lugares sociais são representados nos processos discursivos -
nos efeitos de sentido dos seus discursos. É nesse ponto que o autor propõe que o que
funciona nesses processos discursivos são as formações imaginárias que
designam o lugar que A e B se atribuem cada um a
si
e ao
outro
, a imagem que eles se
fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro. Se assim ocorre, existem nos
mecanismos de qualquer formação social regras de projeção, que estabelecem as
relações entre as
situações
(obviamente definíveis) e as
posições
(representações dessas
situações). (PÊCHEUX, 1993, p. 82)
E, assim, o autor afirma que todo processo discursivo supõe a existência das
formações imaginárias, que são designadas, resumidamente, por: a imagem que A faz
de si [IA (A)] expressa pela questão “
quem sou eu para lhe falar assim
?”; a imagem
que A faz de B [IA (B)] expressa por “
quem é ele para que eu lhe fale assim
?”; a
imagem que B faz de si [IB (B)]; a imagem que B faz de A [IB (A)]; e a imagem que
ambos fazem do referente [IA (R) e IB (R)], que é o contexto em que aparece o
discurso. Tal conceito foi criticado por seu caráter psicossocial, o que era inevitável
uma vez que as formulações teóricas da época caminhavam por entre muitas disciplinas,
fundador. A formação do país e a construção da identidade nacional
. Campinas: Pontes, 1993;
SARGENTINI, V. M. O.
A construção de identidades no discurso político pré-eleitoral: subjetivação e
relações de poder
. OPSIS (UFG), v. 1, p. 25-31, 2008; SILVA, R. A.
Charges: do discurso "político"
eleitoral ao discurso político da opinião pública
. 2008. 114 f. Dissertação (Mestrado em Estudos
Lingüísticos) Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2008;
ZOPPI-FONTANA, Mónica.
Cidadãos modernos: Discurso e Representação Política
. Campinas – SP: Editora da UNICAMP, 1997.
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