Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 336

do sentido sobre o discurso visual. As imagens que participam da composição dos
títulos/subtítulos, funcionando, no conjunto, também como espécie de chamadas,
tendem a não sustentar e/ou suportar, por si só, como discurso, o sentido de bizarro que
se busca produzir pela escrita.
O conjunto do material aponta que o bizarro se sustenta antes e até somente, em
determinados casos, pela construção noticiosa (estrutura e conteúdo) do que
propriamente pelo evento, que nem chega a produzir um acontecimento discursivo
quanto ao bizarro. Na abordagem discursiva pecheutiana, o acontecimento é o “ponto
em que um
enunciado
rompe com a estrutura vigente, instaurando um novo processo
discursivo”. Ele “inaugura uma nova forma de dizer, estabelecendo um marco inicial de
onde uma nova rede de dizeres possíveis irá emergir” (FEREIRA, 2005, p. 11, grifo da
autora).
Considerações finais
O que possibilita o funcionamento do bizarro na notícia não é, necessariamente,
o que se diz, mas como se diz o que se diz, o que se apaga/silencia naquilo que se
explicita. Na editoria em questão, o bizarro tem força
num
/
por um
efeito (de) conjunto.
Ao se reunir notícias antes significadas pelo nome “Planeta Bizarro”, numa abordagem
superficial de um evento/sujeito/objeto, na superexposição daquilo que se liga ao
“diferente”, “inusitado”, “desviante”, “anormal”, etc., o bizarro advém como efeito.
Embora ainda pouco explorada neste percurso, é possível afirma que a imagem
cumpre, frequentemente, uma perspectiva antes ilustrativa/estética/referencial na notícia
do que propriamente constitutiva de uma especificidade discursiva na notícia, como
notícia. É possível ter notícia somente com o texto verbal. Até porque, há imagens tão
somente para se ter para o que olhar e, supostamente, crer que há uma existência no
mundo para o que está sendo noticiado. Referendar o pré-construído da veracidade
noticiosa.
Observa-se que a notícia
sobre
o bizarro se constrói na/pela
radicalização/superexposição conjugada de seus elementos estruturantes, seja como
novidade seja como gênero jornalístico: o elemento raridade levado ao extremo; um raro
recorrente taxado de “novo”, “diferente”, pois significado no desvio aos “padrões de
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