Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 331

A instituição midiática se apóia em pré-construídos da notícia (veracidade,
rapidez/velocidade, objetividade, cobertura tempo real, entre outros) para sustentação do
bizarro como notícia. A organização das notícias na editoria mecaniza o planetário e o
bizarro num conjunto. A página de abertura reúne
links
de acesso às matérias de
destaque pelas fotos,
chapéus
2
e títulos, que compõem cada notícia. Logo abaixo, a
expressão “últimas notícias” apresenta uma seqüência temporal (data e horário) das
matérias postas em circulação. Encerrando o noticiário em exposição na página
principal, “veja mais notícias” disponibiliza o acesso a uma espécie de arquivo das
notícias veiculadas, no mesmo formato, mas acrescidas do subtítulo. Um “passeio” por
esse trajeto noticioso reforça a sustentação do bizarro como notícia e sua amplitude
planetária.
O material de análise reúne um recorte de notícias (títulos e subtítulos)
veiculadas na segunda quinzena de novembro de 2010. Estas foram acessadas no dia 29
de novembro do mesmo ano. Embora eu não fosse me valer de todo o arquivo
disponível, tal acesso permitia a consulta de 199 páginas, por ordem cronológica
decrescente (da data mais recente para a menos recente) de divulgação, recuperando
notícias divulgadas desde março de 2009. A circulação por esse trajeto noticioso
expunha notícias de/sobre diversos lugares do mundo e, de forma mais específica,
notícias que se constroem
no
e
pelo
aspecto “raridade” no seu deslizamento para
“inusitado”.
Considero, no trabalho de análise, tal como compreende Guilhaumou e
Maldidier (1997, p. 164), que “[...] o arquivo não é o reflexo passivo de uma realidade
institucional, ele é, dentro de sua materialidade e diversidade, ordenado por sua
abrangência social”, não sendo um “simples documento no qual se encontram
referências”, e sim aquele que “permite uma leitura que traz à tona dispositivos e
configurações significantes”.
A observação do arquivo, com foco no recorte selecionado (notícias veiculadas
na segunda quinzena de novembro de 2010), aponta para regularidades temáticas
exploradas como notícia sobre o bizarro. São recorrentes notícias que focalizam, de uma
forma ou de outra, o sexo/sexualidade, com destaque para órgãos genitais;
sujeitos/ações tidas como criminais/desviantes/ilegais; quebra de recordes; ações
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Chapéu
é um termo próprio ao jargão jornalístico que significa palavra ou expressão, disposta logo
acima do título de uma matéria, para situar o assunto de que trata o texto.
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