Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 330

negativação) situa-se numa divisão de fronteira entre sentidos que validam ou advém
como efeito de um funcionamento discursivo de determinação – marcação,
institucionalização e (re-a) firmação de uma normatização e normalização (sentidos que
podem e devem ser ditos), e um mecanismo de apagamento/silenciamento de sentidos
sócio-históricos e ideológicos (aquilo que não pode ser dito e aceito frente ao que pode
e deve ser dito/aceito). Sentidos outros que, se evidenciados, produziriam um desarranjo
na rede de filiações que determinam o sentido (como) possível. Mediante um
mecanismo de naturalização do termo em seu caráter de inusitado, instaura-se, do lugar
do não-usual, do incomum e do estranho/estranhamento, por uma “necessidade de
fronteiras” (PÊCHEUX, 1997, p. 34), o efeito de (a)normal(idade) na sustentação do
interesse/curiosidade pelo
in
-comum.
O trajeto percorrido objetiva visibilizar o funcionamento do bizarro como
estruturante do discurso midiático
sobre
o bizarro, interrogando como, no interior do
discurso midiático
sobre
o bizarro, funciona o que estou considerando como um
discurso bizarro midiático
. A tematização de o bizarro
na
/
da
mídia marca um duplo
movimento de sentidos: instauração/naturalização, produzido de forma
institucional(izadora), e deslize/desestabilização, como contradição própria à
constituição/funcionamento do discurso.
(For)matando o bizarro
A escolha da editoria “Planeta Bizarro”, do site
G1
, como um dos lugares de
materialização do discurso midiático
sobre
o bizarro, se deu pela explicitação do termo
bizarro como denominação editorial e naturalização da noticiabilidade
sobre,
assim
como pelo efeito de conjunto que essa junção de palavras/notícias produz.
O termo bizarro, seja em seu aspecto de positivação seja de negativação, já
sustenta um “à parte”. O extraordinário, extravagante, incomum, etc. é aquilo que foge
aos parâmetros de normalidade, corriqueiro, estabilidade. Planeta agrupa e especifica,
universaliza e delimita/demarca. Planeta Bizarro congrega repetição e regularidade,
raridade e incomum. Sua circulação pela internet e sua estada no site
G1
reforçam a
ideia de amplitude, cobertura global do bizarro no mundo, de eventos isolados, mas
próximos, reunidos pela “potencialidade global midiática”, que “faz ver” o bizarro.
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