(4) (O77-R) Nós, com a construção do segundo módulo cuja terraplanagem já ta
feita e o processo licitatório também já está em andamento, eu vou concluir esse
segundo módulo que terá cento e noventa leitos, UTI e centro cirúrgico, e aí nós
teremos um grande hospital público em São Carlos.
(5) (O78-R) Então nós vamos fazer todo um trabalho de interação com a
ARTESP pra que ela possa justamente fazer a marginal e aliviar o fluxo que hoje passa
pelo centro da cidade. Primeiramente nós precisamos articular a marginal que vai do
Jóquei Clube até a Getúlio Vargas, se nós conseguirmos fazer essa marginal junto com a
ARTESP nós vamos aliviar o trânsito da região central.
Como podemos observar, Airton faz promessas que são de difícil realização se
considerarmos o tempo relativamente curto do mandato de prefeito: acabar com o
déficit de moradia, terminar a construção do Hospital Escola com um terço do
orçamento e reduzir o IPTU no primeiro dia de governo. Além de serem realizações
difíceis de ocorrerem por si só, elas ainda estão sendo prometidas de forma genérica,
pois o candidato não explica como conseguirá acabar com o problema da moradia e nem
como abaixará, no primeiro dia de governo, o IPTU. Já em relação ao orçamento do
Hospital, a explicação é mais simples:
(6) (A79-R) (...) o preço das obras de São Carlos hoje são extremamente altos, as
pessoas acham que fazendo uma coisa que a população precisa, pode cobrar três, quatro,
cinco vezes mais e isso daí é um absurdo.
Portanto, vemos que as propostas de Airton entram no que Charaudeau chama de
sonhos irrealizáveis, já que a maior parte das promessas está baseada em afirmações de
impacto, mas sem necessariamente estar vinculada a um estudo prévio de como
executá-la.
Por outro lado, as propostas de Barba enquadram-se na citação que fizemos de
Charaudeau, uma vez que o candidato promete realizações e explica como as executará:
ele não promete acabar com o problema do trânsito de São Carlos, ele promete a
construção de uma marginal para que as pessoas que não precisam passar pelo centro,
não passem e, assim, o centro teria uma menor quantidade de veículos. Dessa maneira,
vemos que a construção da imagem de sério é dada por sua corporalidade, por uma
vocalidade e, além disso, por uma maneira de fazer promessas que o tornam, além de
sério, crível.
