A escrita historiográfica, seus protocolos e fontes - page 31

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E
RNEST
R
ENAN E OS CARACTERES DE
NOTRE ÉPOQUE
”:
POSSÍVEIS USOS E
PAPÉIS
DA
HISTORIOGRAFIA OITOCENTISTA
Thiago Augusto Modesto RUDI
i
Este ensaio põe à vista questões motivadas por uma folha de rosto da obra
Études d’histoire religieuse
do historiador francês Joseph-Ernest Renan (1823-1892).
Este erudito, no decorrer de sua vida, passou por instituições como o
Institut de
France
, a
Societé Asiatique e
o
Collège de France
.
Transitando pela filosofia e
filologia, preocupou-se principalmente com os estudos históricos a respeito da
antiguidade especialmente voltando-se para a história religiosa. A pesquisa, em
andamento
ii
, busca interpretar os procedimentos e concepções que norteiam a escrita
renaniana e o presente texto ao tomar como fontes privilegiadas os artigos de Renan
publicados em periódicos, o estudo de prefácios de seus livros e das atas das
instituições que fora membro entre os anos de 1848 e 1863 possibilita apresentar os
principais problemas que norteiam o trabalho.
O cenário é uma folha com aproximadamente 23 cm de altura. Na parte
superior, ocupando quase metade do espaço total, palavras grandes e unidas uma
abaixo da outra, com diferentes tons de preto, formam algo:
Études d’histoire
religieuse
. Destas palavras, “
histoire”
se sobressai com maior tamanho e cor preta
acentuada. Logo abaixo, uma solitária e pequena preposição
par
indica algo por vir,
um nome que, pelo tamanho e localização, parece indicar, por si só, certa relevância:
Ernest Renan
. Porém, de mãos dadas com “ele”, duas “informações” dão sentido,
localizam, autorizam:
membre de l’Institut
e, entre parênteses,
Académie des
Inscriptions et Belles-Lettres
. Descendo um pouco, um sutil traço talvez signifique a
unidade e o fechamento desta primeira parte do texto, abrindo espaço para a segunda
que é composta por um arrolamento de frases e nomes, semelhantes a títulos:
Les
Religions de l’antiquité
;
Mahomet
;
La vie des saints
, dentre outras. Com mais um
traço, fixado no pé destas frases, a terceira parte indica uma cidade,
Paris
; um nome
com família,
Michel Lévy Fréres
; uma profissão,
Libraires-éditeurs
e onde encontrá-los:
Rue Vivienne, 2 bis
. Há espaço ainda para mais um traço, menos extenso que os
anteriores, para colocar abaixo quatro números que, juntos, talvez datem o todo
superior:
1857
.
Esta “folha de rosto” possibilita, sem dúvida, inúmeras questões. Mas para
aquele leitor que abre este livro pela primeira vez, talvez uma pergunta supere outras:
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