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interessado em filologia, concorreu com um esboço de sua futura
Histoire general et
système compare des langues sémitiques
x
.
O iniciante Renan foi premiado
duplamente: ganhou o prêmio pelo estudo realizado e garantiu um espaço de
referência na
Académie
. Renan seria eleito no ano de 1856 (SAID, 1990).
No que tange à
Societé Asiatique
, esta teria feito parte de um movimento maior
(o orientalismo) derivado de elementos secularizantes da cultura europeia do século
XIX. Um destes elementos estaria relacionado com a capacidade de lidar
historicamente com culturas não europeias e não judeu-cristãs. Em uma publicação
específica – o denso
Journal Asiatique
– esta sociedade insere suas atas e os artigos
de seus membros. Este
Journal
possibilita voltar à questão do seu relacionamento
com o governo. O brasão da imprensa nesta publicação indica também este caminho.
Por exemplo, enquanto nos números de 1847 pode-se ler abaixo do brasão “Imprimé
par autorisation du roi a l’imprimerie royale”, a partir de 1848 encontram-se outro
brasão e outra inscrição: “Imprimé par autorisation du gouvernement a l’imprimerie
nationale”
xi
. Já em 1853, tem-se novo brasão e outra “imprimerie”: “Imprimé par
autorisation du gouvernement a l’imprimerie impériale”
xii
.
Talvez outro apontamento quanto às formas textuais das atas possibilitem uma
discussão diferente. Como abordar a estrutura básica destas fontes? Ou seja, o
recorrente “eu digo o que ele disse”, “eu digo o que ele replicou”. Ou quando da leitura
de cartas nestas atas, há uma mudança para o “eu digo que ele disse o que o outro
disse”. Na ata referente à
séance
da
Académie
de 30 de julho de 1858 pode-se ler o
caso do dito e da réplica:
Sr. Renan apresenta algumas observações complementares a sua
memória sobre Sanchoniathon. Desde a conclusão desta memória,
sua atenção incidiu sobre um nome que confirma a suposição que ele
havia emitido sobre o nome de
Sanchoniathon
. Segundo esta
suposição, o análogo hebreu do nome
Sanchoniathon
seria
Schekan-
ya
, que se encontra, entre os judeus, como um nome próprio, e no
qual
Schekan
corresponde a
amicus, contubernalis
(amicus Jehovae).
O novo nome sobre o qual insiste Sr. Renan é
Garmathone
preservado no
De fluviis
de pseudo-Plutarco. Sr. Renan estabelece,
por várias aproximações, que
Garm
se encontra em um grande
número de nomes semitas da época média associado ao nome de
uma divindade, e que deve se traduzir por
cultor
, especialmente no
nome de
Sampsiceramus
, cuja forma siríaca é
Schemsch-garm
(cultor solis).
Sr. Reinaud observou que essa explicação do nome
Sampsiceramus
implica uma violação de uma das regras mais constantes da sintaxe
semítica, de acordo com a qual a relação de anexação se exprime
pontuando a palavra regida após a palavra regente (ACADÉMIE DES
INSCRIPTIONS ET BELLES-LETTRES, 1858, p. 194-195, tradução
nossa).
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