Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 568

abordou, no campo da Literatura, do Teatro, das Artes plásticas e da Música, todos os
acontecimentos importantes e tinha colaboradores como Manuel Bandeira, Lasar Segall
e Prudente de Morais Neto.
Apesar dos atrasos no pagamento, o trabalho neste periódico, segundo Telê
Porto Ancona Lopez (2005, p. 9), é gratificante para o cronista, pois oferece uma
continuidade a sua carreira de jornalista. A direção respeita suas ideias e propostas de
“língua nacional”, aceitando a sua ortografia e sintaxe, como por exemplo, conservando
a ausência de letras dobradas, de th, ph, e y, não corrigindo as junções como “desque”,
ou palavras como “sinão”, “si”, entre outros. Além disso, alguns amigos de Mário que
conhecem e apóiam a luta modernista, como Sérgio Milliet, também trabalham no
Diário Nacional
.
Publica ainda as colunas “A ciranda” e “O Turista Aprendiz”, relatos de sua
viagem ao Norte e ao Nordeste. Após esta coluna surge “Táxi”, que reflete um dos
momentos mais prolíficos e importantes do cronista. O título selecionado para esta
coluna é de extrema relevância, pois o táxi é um automóvel que pega qualquer
passageiro e o leva a qualquer parte; por conseguinte, o nome da coluna significa tanto o
veículo de ideias do escritor, como o pensamento modernista em relação ao discurso
jornalístico, ou seja, texto que deve ser produzido para a massa, pode desenvolver
qualquer assunto e deve se adequar a ele.
Antes do fechamento do periódico, dedica-se à coluna “Folclore da
Constituição”. Após tal acontecimento, Mário escreve no
Diário de Notícias
, do Rio de
Janeiro, desde 1939 e contribui, neste mesmo ano, n
’O Estado de São Paulo
.
Em 1942, Mário de Andrade já era um cronista consagrado e planejava lançar
uma coleção de suas crônicas pela Livraria Editora Martins, de São Paulo. Sua obra
Os
Filhos da Candinha
foi publicada em 1943; porém, em uma carta ao amigo Manuel
Bandeira, escrita em 24 de maio de 1934, o escritor já demonstrava sua vontade de
realizar tal projeto:
[...] O que imaginei, e me parece mais feliz, será reunir em livro um certo número de
crônicas de vário assunto, dentre as melhores que publiquei por aí tudo, principalmente
no
Diário Nacional
. E descobri um nome adorável pro livro:
Os Filhos da Candinha
.
Não sei se você conhece, de-certo conhece, essa expressão, que quer dizer, a voz do
povo, o que andam falando, os diz-ques. (ANDRADE, 1934, p. 328)
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