TÁXI E CRÔNICAS NO DIÁRIO NACIONAL
: UMA LEITURA BAKHTINIANA.
Beatriz Simonaio BIRELLI.
1
O presente trabalho visa analisar algumas crônicas de Mário de Andrade, publicadas no
livro
Táxi e crônicas no Diário Nacional
, e mostrar, por meio de uma leitura
bakhtiniana, de que forma o escritor construiu esteticamente seus textos. Caracterizadas,
em princípio, por serem escritas “ao correr da pena”, elas revelam, graças a uma análise
mais atenta, a presença de várias vozes que nelas se manifestam, vozes sociais que às
vezes de digladiam de forma dialógica, narrativas orais colhidas por Mário em suas
viagens, num outro espaço-tempo, e até mesmo situações de embate que ocorrem entre
o eu e o outro. Para realizar tal análise, as noções de dialogismo, estética e sujeito serão
utilizadas no estudo discursivo das crônicas mariodeandradeanas.
PALAVRAS-CHAVE: Crônicas; Mário de Andrade; Relações Brasil-França;
Dialogismo; Bakhtin.
Mário Raul de Morais Andrade (São Paulo, 1893-1945) iniciou sua carreira
como cronista em 1920, na página “Ecclesiásticas”, da revista
Miscelânea
, embora já
trabalhasse como jornalista desde 1915. É nesta revista que aparecem suas primeiras
crônicas em sentido mais amplo: são pequenos textos não assinados que misturam
vários assuntos e apresentam como características um estilo bem-humorado e coloquial.
Nesse mesmo ano, são publicadas as primeiras crônicas assinadas pelo escritor
na revista carioca
Ilustração Brazileira
, na página “De São Paulo”. No período de 1920
a 1927, Mário procura se aprofundar na atividade de modernista combativo, vinculando-
se a órgãos renovadores da cultura, e se profissionalizar como jornalista na grande
1
Mestranda em Letras/Faculdade de Ciências e Letras de Assis (Universidade Estadual Júlio de Mesquita
Filho), bolsista CAPES,
.