do qual fazem parte recursos de re-elaboração de textos como a paráfrase e a estilização.
Nesse tipo de discurso, nas vozes que nele se encontram, “há uma fusão de pontos de
vista orientados para uma mesma perspectiva’ (
idem
p.49) sem, entretanto, uma
eliminação total da voz do outro. No
discurso bivocal de efeito divergente
, por outro
lado, do qual fazem parte recursos como a paródia, a apropriação e a ironia, há um
conflito de vozes, um tom discordante entre a voz do discurso apropriado e a voz do
discurso do apropriador.
A. Discurso bivocal de efeito convergente
A.1. Paráfrase
Contrariando teóricos como Romano de Sant’Anna e Shipley, para os quais o
recurso da paráfrase tem um nítido caráter reprodutivo, Schimiti (
ibid
p.48) afirma que
ainda que a paráfrase se apresente como uma reprodução integral do texto de outro, é
possível reconhecer as vozes presentes a partir das marcas identificadoras da
superposição dos textos.
A.2. Estilização
Para Bakhtin (2005, p.193), as manifestações do discurso bivocal têm um traço
comum, que é o fato do autor incluir em seu discurso o discurso de outro para suas
próprias intenções. A estilização, portanto, de acordo com a autora, “estiliza o estilo de
outro no sentido das próprias metas do autor”, não há um choque de ideias, o autor entra
na palavra do outro e nela se instala. Há, portanto, certa distância entre a palavra do
autor e a palavra do outro, tornando nítida a percepção da estilização.
B. Discurso bivocal de efeito divergente
B.1. Paródia
Assim como na estilização, o autor também se apropria do discurso do outro,
mas essa apropriação segue sentido inverso, conflitante ao texto parodiado. Aqui é
gerado um conflito, pois o sentido original do texto é pervertido. Segundo Schimiti
(1989, p.55), na paródia há um “efeito de deslocamento em que se manifesta um
elemento representando dois”, o que gera duplicidade.