Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 545

com Antistheno, discípulo de Sócrates. Trata-se de um gênero carnavalizado capaz de
interagir com outros, dado seu caráter elástico.
Em sua obra
Crepúsculos dos Ídolos
Nietzsche irá apresentar o seu conceito de
liberdade:
O homem que se tornou livre, e muito mais ainda o espírito livre que se tornou livre
pisa sobre o modo de ser desprezível do bem-estar, com o qual sonham o comerciante, o
cristão, a vaca, a mulher, o inglês e outros democratas. O homem livre é um guerreiro
(...) (NIETZSCHE, 1988, p.107-108).
Essa bela descrição da liberdade instiga a pensar sobre o homem moderno, homem
este que assegura sua vida construindo um feudo em volta de si, protegendo-se e
preocupado com o seu exclusivo bem-estar. O filósofo irá criticar as instituições da
sociedade moderna, para ele deve haver uma
vontade de instinto
. A crítica às
instituições, na verdade, é uma crítica ao próprio sujeito, pois não se pode cair no erro
de desprezar os instintos, os impulsos e a racionalidade.
Com um estilo realista, o qual perturbou a crítica da época justamente por se tratar
de uma obra aberta, ou seja, uma criação artística que não está fadada ao determinismo,
Dostoiévski não fecha a possibilidade humana de aventurar-se com outras consciências
uma vez que, ao criar suas personagens não as constrói de forma fechada, deixando
assim a porta aberta para o diálogo entre autor, narrador e personagem. Fiodor
Dostoiévski abre o campo tanto para o novo em matéria de literatura como instiga à
interpretação, isto é, esse autor percebe o homem como um sujeito em construção, um
homem que ainda está por fazer, daí o caráter aberto de sua obra.
No conto
Bobók
, Dostoiévski inova no campo estético. Além de deliciar seu leitor
com uma narrativa que percorre o fantástico, pois ao tratar do real o autor bebe na fonte
do fantástico, e, por sua vez, ao relatar tal história, busca uma forma que reserva a
interpretação para o leitor, já que permanece a dúvida a respeito do diálogo com os
mortos, se realmente aconteceu, ou foi apenas um sonho, como salienta Paulo Bezerra
em sua análise do conto (BEZERRA, 2005, p.138). Reconhecido como o criador do
autor-narrador, a forma de sua escrita busca marcar o estilo do autor, além de lançar
uma crítica à forma literária tradicional da época. Dostoiévski percebeu que sua matéria
literária requeria uma outra forma de colocação, assim em seus textos matéria e forma
são tratados com outra substância, outro olhar, ou seja, não é possível analisar ou
interpretar sua obra procurando limites ou o olhar do autor.
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