PROVÉRBIOS: DA FALA PARA A ESCRITA
Anita Luisa Fregonesi de MORAES
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RESUMO: Este trabalho visa a um estudo preliminar a respeito do uso dos provérbios
em crônicas jornalísticas publicadas no jornal
Folha de S. Paulo
. Consideramos duas
características proverbiais que nortearam nossas análises: o caráter dialógico e seu valor
de autoridade nas interações sociais, partindo da proposta teórica da Linguística Textual
e fundamentando-nos no dialogismo bakhtiniano. Na transposição da língua falada para
a língua escrita pudemos perceber que, à revelia de sua estrutura formal, o aspecto
dialógico é mantido, assim como o uso como argumento de autoridade e de adesão, por
parte do interlocutor, ao conteúdo opinativo que o emissor expõe em seu texto.
Percebemos, também, que a voz do provérbio, representante de um enunciador
genérico, aparece no texto direcionando sentidos interpretativos convergentes ou
divergentes com a voz do locutor e que esse aspecto muitas vezes tem como suporte
intervenções na sua materialidade linguística.
PALAVRAS-CHAVE: provérbios; dialogismo; polifonia; intertextualidade; crônicas
jornalísticas;
Introdução
Considerando a natureza dialógica dos discursos que promovem a interação
social, este trabalho visa a um estudo preliminar a respeito do uso dos provérbios em
crônicas jornalísticas publicadas no jornal
Folha de S. Paulo
, no período que
compreende os anos de 2008 -2009, especificamente no caderno A-2/Opinião, no
espaço gráfico onde são publicadas as crônicas. Invariavelmente, são publicadas três
crônicas diárias de diversos autores. Este trabalho não fez distinções entre eles.
O espaço temporal pesquisado é de dois anos: 2008 e 2009, embora sejam
privilegiados os textos publicados no segundo semestre de 2009 apenas por uma
questão operacional quanto à facilidade de acesso via internet, fato que não impede o
prosseguimento da pesquisa.
Os provérbios são registros da cultura popular, representam a “voz do povo” em
inúmeras situações do cotidiano. Isso implica no fato de que é impossível definir sua
autoria, sendo, desse modo, enunciados de domínio público e reconhecidos como tal.
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Doutoranda Estudos Linguísticos: UNESP – Rio Preto, SP,