Página 401 - Anais do IV Seminário Leituras da Modernidade: entornos da poesia

AS DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DO FEMININO EM MAR
ABSOLUTO, DE CECÍLIA MEIRELES
Roberta Donega Silva
Mestranda
UNESP / Assis
RESUMO:
Cecília Meireles é um dos grandes nomes que compõem o cânone literário brasileiro.
Nascida em 1901, no Rio de Janeiro, começou a escrever ainda jovem, aos 18 anos,
porém, sua maturidade poética e reconhecimento vieram em 1939, com a publicação de
Viagem. Além disso, também traduziu diversas obras estrangeiras e contribuiu com
crônicas em diversos jornais, alcançando reconhecimento não só nacional, como
internacional. Ao ler a obra da poetisa percebemos que muitos poemas possuem o eu
lírico no feminino, porém poucos possuem como tema a representação do feminino. Em
vários casos o sujeito poético feminino trata de outros assuntos, como a morte,
transcendência, efemeridade da vida entre outros temas. Por esse motivo alguns críticos
disseram que Cecília Meireles ocupava uma posição neutra em relação à representação
feminina, podendo, portanto, ser chamada de poeta ao invés de poetisa. Porém, ao ler a
obra ceciliana, é possível perceber que tal posicionamento não se mantém. O leitor pode
encontrar em vários poemas traços do ser feminino em suas várias possibilidades. A
mulher é múltipla, ou seja, não pode ser resumida em algumas poucas características
encontradas na maioria das representantes deste sexo. Ao pensá-las, devem-se levar em
consideração as diversas maneiras de ser. Tendo isso em vista, é possível perceber
também as várias representações do feminino na obra de Cecília Meireles. Para este
trabalho, serão explorados alguns poemas da obra Mar absoluto e outros poemas que
tenham como eu lírico uma mulher e possuam como temática a representação feminina.
PALAVRA-CHAVE: Cecília Meireles; literatura brasileira; poesia; representação do
feminino.
Desde quando começou a escrever, Cecília Meireles ganhou a atenção da
crítica literária brasileira, conquistando cada vez mais leitores. As primeiras obras que
chegaram ao público foram Nunca mais... e Poema dos poemas e Baladas para El-Rei,
ganharam rapidamente os olhares de críticos como Darcy Damasceno, que ressaltou
suas características transcendentais, o tom místico e desiludido perante a vida, além da
aproximação com o chamado neo-simbolismo. Essas características foram cristalizadas