e o acerbo intento
do seu concerto
com a morte, o erro...
(Voltas do tempo
- sabido e aceito –
do seu desterro...)
O eu lírico feminino desse poema pensa sobre quem é, porém, não consegue
chegar a nenhuma conclusão, como vemos logo na primeira estrofe. Essa não é uma
situação que começou no momento em que o eu fala no poema, mas que vem de antes e
continua até o momento da escrita, o que pode ser comprovado com o uso de verbos no
presente, como nos versos “vou desprendendo / elos que tenho”, e verbos no passado,
como nos versos “formas, desenho / que tive, e esqueço”. Ela já não se lembra de tudo
que foi no passado, já que vive em mudanças sucessivas.
Em um determinado momento, ela se divide em duas partes. A primeira é a
espiritual, relativa ao seu interior, caracterizando-se como “múltipla” nesse momento. A
segunda parte é a física, na qual ela se reconhece como uma, apenas.
O eu lírico tenta fazer um auto-retrato de si, mas, percebemos, no fim do
poema, que isso não se realiza. Não há um auto-retrato definido, pois ela mesma não se
reconhece. A multiplicidade de seu ser fica explícita, verso a verso.
MULHER ADORMECIDA
Moro no ventre da noite:
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