Todos os olhos são de cegos... Eu vivia
unicamente de ti!
Teus olhos, que me viram, como podem ser fechados?
Aonde foste, que não me chamas, não me pedes,
como serei agora, sem ti?
Cai neve nos teus pés, no teu peito, no teu
coração... Longe e solitário... Neve, neve...
E eu fervo em lágrimas, aqui!
O eu lírico feminino desse poema encontra-se angustiada pela perda de seu
noivo, construindo o seu lamento verso a verso.
Na primeira estrofe, a noiva apresenta sua condição. Para ela, a perda de seu
noivo transforma a sua realidade, invertendo sentimentos, como a mudança de seu
mundo, que era bom e claro para noite. Na segunda estrofe, percebemos que ela não se
ocupava de outra coisa senão de seu noivo, ou seja, era ele quem dava sentido a sua
vida, podendo ser percebido facilmente nos versos “E agora que farei,/ sem saber mais
de ti”.
Num momento no qual as mulheres começavam a sair de suas casas e a ganhar
espaço no campo educacional e profissional, o eu lírico desse poema mostra-se a parte
disso tudo, negando a participação ativa que poderia ter na vida social, optando apenas
por dedicar-se a seu noivo, agindo de forma tradicional para a época. Essa é uma
escolha dela mesma, é o que a faz feliz.
Na última estrofe, o eu lírico contrapõe o modo como se sente com o modo
como imagina que seu noivo esteja. O corpo dele é apresentado coberto por neve, ou
seja, ele é relacionado com a frieza da guerra. A frieza pode também ser relacionada
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