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Na segunda parte há também três capítulos: Romance na montanha
,
Estrada
e
O crime,
subdivididos em sete, cinco e cinco partes, respectivamente.
Num primeiro momento, há a história de José da Cruz e de seus companheiros
enfrentando os problemas da seca com destemor e esperança. A primeira parte termina com
a seca chegando e expulsando, pouco a pouco, os moradores da região, só ficando os mais
renitentes como José da Cruz. Ele vai abandonar as terras depois que perde os filhos e a
mulher Zepa.
1.
Medo e esperança - A têmpera de José da Cruz - Crença e sonho
O narrador de
Os flagelados do vento leste
começa por mostrar a importância da
chuva para o povo do campo. Os lavradores não poderiam viver naquele solo estorricado.
Essa situação levava os homens a isolarem-se de seus companheiros de infortúnio:
...o pudor de transmitirem uns aos outros as apreensões que lhes iam na alma, ou
envergonhados de sua situação,
os homens começavam a isolar-se, a selar a boca, a evitar-
se...
(destaque nosso) (
1
)
O insulamento era da própria natureza coletiva daqueles homens, e eles
reproduziam em suas vidas o modo de ser coletivo. As razões do porquê as coisas ocorriam
desse modo, cada um buscava a sua própria explicação.
Juntamente com o medo inconfesso, mas presente nas fisionomias, havia também
esperança
e muita coragem. Na página doze, o narrador mostra esses sentimentos,
contraditórios, mas verdadeiros. A
ansiedade,
a espera angustiosa provocavam tais
sentimentos:
"Havia ansiedade nos seus olhos, mas também
dureza e persistência.
E havia
esperança e coragem e medo
." (destaques nossos) (
2
)
Homens, mulheres e crianças sentavam-se numa roda, a olhar para os campos nus.
Esperavam pela chuva:
"Já estavam habituados. Vinha de trás, de longe esta luta. Esperavam sempre: até o
último momento. Até mesmo para lá do último momento."(
3
)
1
.
LOPES, Manuel. Os flagelados do vento leste. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.
(
2
)idem, p. 12
