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Lançadas as bases, com o apoio do Programa de Pós-Graduação, as pesquisas sobre
autores e obras das literaturas africanas de língua portuguesa aumentaram
consideravelmente, tanto que esta linha de pesquisa possui reconhecimento ante as
instituições de fomento, como atestam pareceres da FAPESP, por exemplo. Óbvio que
estamos felizes com o reconhecimento, contudo as responsabilidades aumentam e cada vez
mais se sente que devemos refletir de forma mais direta sobre o papel do pesquisador de
literatura de uma forma geral. As discussões durante o IV SILALP motivam uma reflexão
mais aprofundada sobre o assunto e, mesmo discussões fora do âmbito acadêmico projetam
um olhar sobre o trabalho investigativo em literatura.
As literaturas africanas de língua portuguesa ganharam notoriedade com a
divulgação de alguns autores, como Luandino Vieira (
Luuanda)
, Luis Bernardo Honwana
(
Nós matamos o cão tinhoso)
, Baltasar Lopes da Silva (
Chiquinho
), entre outros. As obras,
publicadas na década de 80 (século XX) pela editora Ática, representam o nascer das
literaturas de Angola, Moçambique e Cabo Verde, respectivamente. De um olhar apenas
curioso para autores e obras africanos, passou-se a buscar mais elementos sobre a produção
literária dos países africanos de língua portuguesa. Não demorou muito a expansão dos
estudos literários sobre Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e
Príncipe, hoje há um número considerável de pesquisadores na área. O IV SILALP teve
como tema o diálogo estabelecido entre África e Brasil, diálogo este muito produtivo, pois
há um antigo intercâmbio entre a literatura brasileira e as literaturas das nações africanas de
língua portuguesa. Todavia ainda há um longo caminho para se atingir o objetivo de todo
aquele que trabalha com literatura: a divulgação de sua pesquisa, a socialização para o
grande público; teses e dissertações precisam sair das prateleiras da biblioteca e ocupar o
espaço das escolas (públicas e privadas), centros de cultura etc. Há projetos dentro das
próprias universidades que contemplam a difusão de trabalhos acadêmicos, mas ainda não
conseguiram atingir os seus objetivos. Sobre a pesquisa e o papel do pesquisador de
literaturas africanas de língua portuguesa nos cursos de graduação e pós-graduação da
FCL/Assis pode-se dizer que, apesar das dificuldades encontradas (obras ficcionais e
teóricas de autores africanos de ser encontrada, falta de um intercâmbio maior entre a
Unesp e instituições africanas), de que há muito a percorrer, os resultados das pesquisas
efetuadas até hoje são muito satisfatórios. As relações literárias África/Brasil/Portugal estão