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O DIFÍCIL PAPEL DO PESQUISADOR DAS LITERATURAS AFRICANAS DE
LINGUA PORTUGUESA. AS RELAÇÕES LITERÁRIAS BRASIL/CABO VERDE.
Rubens Pereira dos Santos (UNESP/Assis)
O IV Simpósio de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (IV SILALP)
solidificou algo que o nosso grupo de trabalho iniciou de forma tímida, mas decidida, no
ano de 2009. Foi graças ao envolvimento de um grupo de jovens que o I Simpósio cumpriu
o seu papel e foi responsável pela continuidade do evento até os dias de hoje. É importante
relembrar aquele primeiro encontro, a começar pela justificativa que, sem dúvida, foi a
grande alavanca para o sucesso da empreitada:
É fato conhecido nos meios culturais o avanço das literaturas africanas de língua
portuguesa. A cada ano que passa é maior a participação de autores de Angola, de
Moçambique, de Cabo Verde, da Guiné Bissau e de São Tomé e Príncipe em eventos
literários. Estes últimos ainda timidamente, mas já apresentam autores do porte de Odete
Semedo (Guiné) e Conceição Lima (São Tomé e Príncipe). Angolanos, moçambicanos e
caboverdianos frequentam há tempos as revistas especializadas em literatura e têm uma
presença muito positiva nos prêmios literários do Brasil, da Europa e do continente
africano. Mia Couto (Moçambique) é, talvez, o mais festejado; Luandino Vieira (Angola)
ressurgiu logo após receber (e não aceitar) o prêmio Camões, e do lado caboverdiano,
Germano Almeida aparece como um nome bastante prestigiado nos meios literários
europeus. Jovens como Ondjaki (Angola) e Conceição Lima (São Tomé e Príncipe) surgem
já como expoentes de uma literatura consolidada e reconhecida. Tanto é assim que o
vencedor do prêmio Camões de 2009 foi o poeta caboverdiano Arménio Vieira. Outros
autores importantes, casos de Pepetela, Agualusa, Manuel Rui, Paula Tavares (Angola);
Manuel Lopes, Baltazar Lopes, Corsino Fortes, Vera Duarte, José Luís Tavares (Cabo
Verde); Craveirinha,Ungulani Ba kaKhosa, Paulina Chiziane (Moçambique), integram a
enorme e riquíssima galeria dos autores africanos de língua portuguesa.
O Departamento de Literatura da FCL/Assis tem o orgulho de ter iniciado o ensino de
literaturas africanas de língua portuguesa já há muito tempo. A receptividade das literaturas
africanas pode ser medida pelos alunos que se dedicaram ao seu estudo e, hoje, esse número
aumentou consideravelmente, tanto na Iniciação Científica quanto na pós-graduação.
Tendo em vista o exposto, considera-se da maior importância a realização de um evento que
permitirá a divulgação de novos trabalhos. Possibilitando aos jovens estudantes uma troca
de conhecimentos, algo muito saudável no trabalho acadêmico. Aberto a estudantes da
região, o evento proporcionará um momento de encontro com a cultura africana e também
tratará das manifestações africanas na cultura brasileira, com a apresentação de uma roda de
capoeira. Momento importante de reflexão sobre o papel das literaturas e da cultura no
contexto da língua portuguesa.