Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007)
75
— M.G.S.:
Tenho, ele mora de “parede e meia” comigo.
Entrevistadoras:
Ele não trabalha aqui na Cooperativa?
— M.G.S:
Não, não trabalha aqui na Cooperativa.
Entrevistadoras:
E essa relação entre vocês é amigável?
— M.G.S.:
Com meu irmão é, só tenho ele também, né, só eu e ele.
Entrevistadoras:
E seu irmão é catador?
— M.G.S.:
Não, ele trabalha registrado. Ele já trabalhou aqui, mas recebeu uma proposta
para trabalhar registrado e foi para outro emprego.
Entrevistadoras:
Você começou a trabalhar aos dezesseis. Poderia contar como foram
os seus trabalhos anteriores?
— M.G.S.:
O meu primeiro serviço foi na Legião Mirim, quando adolescente. Depois,
trabalhei na Prefeitura como varredora de rua, o contrato durava nove meses, vencia o
contrato eu saía e voltava de novo. Até surgir a Cooperativa e estou aqui até hoje.
Entrevistadoras:
E como você conheceu a Cooperativa?
— M.G.S.:
Através da minha cunhada, ela era catadora. Catava o material na rua, aí eu
fiquei interessada, falei “Vou catar também”, daí eu fui com ela. Nós duas “catávamos de
meia”. Nós trabalhávamos juntas. Ela já trabalhou aqui também, mas saiu; a gente catava
junto e entregava o material para a Cooperativa. Depois, fui chamada para trabalhar aqui
na usina, na época do lixão, aí eu vim aqui para dentro e estou aqui até hoje.
Entrevistadoras:
Você conseguiu crescer aqui dentro?
— M.G.S.:
É, cresci, porque hoje eu faço parte da diretoria. Há dois anos também fazia
parte da diretoria, eu era diretora vogal, hoje sou a segunda secretária e coordenadora da
esteira. Fui catadora da coleta seletiva e também coordenadora da coleta seletiva de rua.
Para chegar a ser uma coordenadora, a diretoria avalia umgrupo de pessoas, porque se você
quiser ser a “tal”, não consegue nada. Então, eu fui avaliada por eles, aí logo o Claudineis
que é o presidente da Coocassis me perguntou se eu queria ficar como coordenadora
da coleta seletiva. Logo eu topei. Então, a gente passou por várias capacitações. Ele me
ensinou bastante, como avaliar mapa de rua, porque tem que saber mapa de rua. Então,
hoje eu conheço tudo. Se alguma pessoa faz alguma coisa errada, deixa de passar em
algum quarteirão, a gente já sabe e chega e conversa. Não para chamar a atenção, mas
para entender o que aconteceu. Às vezes, o grupo acha que a gente pega no pé, mas não
é para brigar, mas para fazer a coisa certa, porque senão fizer certo, a gente perde lá fora.
Entrevistadoras:
Teve eleição para o seu cargo ou não?
— M.G.S.:
Não. Já teve a outra diretoria, que eu participava, aí fez uma que era para mais
três anos. Aí eu fui convidada pelo Claudineis para participar novamente. Mas, como está
acabando vai entrar uma nova diretoria que a gente ainda não sabe quem vai participar.
Então, não sei se no próximo ano eu vou continuar ou não.
1...,68,69,70,71,72,73,74,75,76,77 79,80,81,82,83,84,85,86,87,88,...180