Zélia Lopes da Silva (Org.)
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Frequentou o Broto Verde. Ele trabalhava lá com mais de ano. Ganhava sessenta reais
que dava para ele ter as coisinhas dele. A menina caçula minha trabalhou no projeto da
Promoção Social: Sintinela. Ela fez ali um ano e pouco também. Ela mesma foi por gosto
dela. Depois ela entrou na Guarda mirim. E ela sempre reclamando: “Preciso ajudar minha
mãe! Preciso ajudar minha mãe!” Aí, as meninas que ela conheceu foram fazer entrevista
com ela no mercado. Ela passou. Faz cinco anos que ela está no mercado. E ela mesma
que põe a cara. Não preciso eu falar: Vai filha arruma serviço. O menino também é outro.
Está bem, está trabalhando na Nova América. E a outra mais velha trabalhou um pouco
de empregada comigo. Depois trabalhou no Grumercuri. Não sei se vocês conhecem ali
o Grumercuri. Trabalhou mais de dois anos. Aí engravidou e teve que sair. E agora está
cuidando da casa dela.
Entrevistadores
: E hoje em dia você mora sozinha?
— M.J.T.:
Eu moro sozinha. Eu moro com minha mãe, mas é grudado, como se diz. É
três cômodos. Mas é sozinha. Eu tenho meu fogão, tenho minha geladeira, faço minha
comprinha. É separado tudo, só que é grudada a casa, né.
Entrevistadores
: E você já teve algum problema de saúde?
— M.J.T.:
Muito, filha. Muito. Muito. Tive um problema aí que eu entrei numa depressão.
Depressão feia. Eu cortava os braços com a faca. Eu cortava meu braço. Quebrava a
cabeça. Fiquei numa pressão de medo. Olha, tinha medo de tudo. E eu fiquei internada no
psiquiatra. Aqui no Regional. Fiquei doze dias. Sabe? Tinha uma hora que na minha casa
ali, tinha ambulância, tinha polícia. Tinha tudo ali. Sabe? E eu tive que me internar. Aí, eu
fui lá. Só que eu não quis ir com ninguém. Não via ninguém. O negócio era comigo mesmo.
Aí o médico falou: “Tem que internar porque ela vai acabar se matando”. E eu ia mesmo.
Louvado Santo! Aí, me internaram. Minha filha foi na igreja, fez a diferença. Eu comecei a
ir na igreja, também. Pedi a Deus, né. Cada remédio forte que eu tomava, menina. Entrei
aqui tomando remédio. Sabe? Às vezes eu ia na reunião. Mas a turma entendia pouco.
Eu ia à igreja pedir a Deus. Eu mesmo larguei do remédio. Não tomo nenhum tipo de
medicamento. Ia dormir quatro horas da manhã. Hoje, se deixar eu até rodo de tanto que
eu durmo. Graças a Deus, eu não tomo nenhum tipo de remédio. E agora tenho diabetes,
pressão alta. E eu perdi uma vista por causa disso. Só tenho uma.
Entrevistadores
: Por causa da diabetes?
— M.J.T.:
Por causa da diabete. Então, é esse problema de saúde. Estou com uma pedra
no rim, aqui. Estou fazendo certinho o exame para vê. É só isso.
Entrevistadores
: Você conheceu a Cooperativa como?
— M.J.T.:
Eu conheci a Cooperativa porque esse marido meu que morreu, nós tinha
separado, mas nós se dava porque nossa família foi criado junto. Entendeu? Eu fui criada
com ele. E aí, porque eu não estava empregada, meus filhos estavam me ajudando. E eu
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