Memória dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (2001-2007)
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Entrevistadoras:
Queríamos que contasse sobre você, se sempre morou em Assis e em
qual bairro?
— M.G.S.:
Bom, meu nome é Maria Galdino da Silva, eu ‘atualizei’ na Cooperativa em
2004. Eu não morava aqui em Assis, morava em Gardênia, que é um patrimônio. Não tive
opções de emprego aqui emAssis. Trabalhei dois anos na Prefeitura, na frente do trabalho,
depois fiquei desempregada. Não conseguia arrumar emprego e investi na Cooperativa
de catadora de materiais recicláveis. Então, esse foi o sustento que eu tive e hoje estou
“atualizando” há oito anos na Cooperativa.
Entrevistadoras:
E como era a cidade em que você morava? Era pequena, grande?
— M.G.S.:
Então, eu morava em Gardênia, não me lembro muito, porque quando eu vim
de lá para cá eu era criança. Eu tinha sete anos de idade, então não me recordo muito da
cidade, mas pelos comentários é bem pequena.
Entrevistadoras:
Por qual motivo você veio para cá?
— M.G.S.:
Eu vim com a minha família, com a minha mãe, meu pai e meu irmão; lá a gente
não teve opções de emprego, porque é uma cidade bem pequena, só tinha a roça, então
acharam que aqui em Assis encontrariam emprego. No entanto, hoje minha mãe é uma
cortadora de cana, faz treze anos que ela está na Nova América. Meu pai hoje é falecido,
mas, assim, a oportunidade de emprego foi aqui em Assis.
Entrevistadoras:
Vocês vieram para cá por motivo de trabalho mesmo?
— M.G.S.:
Motivo de trabalho, porque lá não tinha.
Entrevistadoras:
E você gostou dessa mudança?
— M.G.S.:
Então, eu “fui” criança, estudei, fui criada pela minha madrinha. Tenho a minha
mãe, mas não fui criada por ela, mas, assim, minha mãe toda vida trabalhou e ela não teve
oportunidade de eu ter a criação com ela. Mas, o pouco que eu aprendi minha madrinha
me ensinou muito bem. Eu fui mãe muito cedo “né”. Fui mãe com dezesseis anos, então
eu dou graças a Deus de está aqui na Cooperativa, porque não tive opções de outros
empregos, mas assim vou levando a minha vida.
Entrevistadoras:
Você era muito ligada a sua madrinha? Mas, e a ligação com seus pais?
— M.G.S.:
Sim, eu tenho ligação com a minha mãe que é viva. Meu pai é falecido. Mas,
é assim: minha mãe lá e eu pra cá, mas eu não tenho nada contra ela. Eu respeito ela,
porque se não fosse ela eu não estava aqui hoje, então, adoro as duas mães.
Entrevistadoras:
Nessa parte da sua infância ocorreu uma mudança. Quando veio para
cá, você brincava, foi para escola, trabalhava?
— M.G.S.:
Eu estudei até a quinta série, logo eu saí, porque não tive opções, eu comecei
a namorar cedo. Fiquei grávida com dezesseis anos, aí eu parei o estudo. Então, não foi
uma infância com brincadeiras, não tive opções, não. Eu tive que trabalhar com dezesseis
anos. Ganhei minha filha e depois de um ano comecei a trabalhar.
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