Hermógenes e Ricardão ficam cabisbaixos e não compartilham do sentimento de justiça
feita que os outros jagunços sentem. (ibidem, p. 282).
CONCLUSÃO
Riobaldo e Diadorim
Riobaldo e Diadorim dialogam após o julgamento sobre o que de fato ocorreu.
Para Diadorim, Zé Bebelo teve sorte por ter sido julgado por Joca Ramiro: “Teve sorte!
Entestou foi com Joca Ramiro – com sua alta bondade...” (p. 284). Além disso, ao ser
questionado por Riobaldo sobre quem foi o responsável pela absolvição de Zé Bebelo,
Diadorim afirma que foi o próprio Zé Bebelo: “Ah, quem salvou Zé Bebelo de morte?
Pois, abaixo de Joca Ramiro, por começar foi ele Zé Bebelo mesmo.” (p. 284). Está
afirmação de Diadorim nos leva a crer em sua consciência de todo o processo descrito
acima que envolve o
misturamento
de Zé Bebelo e o
separamento
de Hermógenes e
Ricardão. De fato percebemos que Diadorim e Riobaldo ficam tristes pela partida de Zé
Bebelo, como se fosse um companheiro deles. Enquanto isso compartilham medo de
Hermógenes e Ricardão.
Riobaldo enquanto narrador afirma para seu interlocutor:
O que nem foi julgamento legítimo nenhum: só uma extração estúrdia e
destrambelhada, doideira acontecida sem senso, neste meio do sertão [...] Zé Bebelo não
era réu no real! Ah, mas, no centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão
mais certa e de mais juízo (p. 285).
Nesse trecho Riobaldo admite a não validade de um julgamento por definição, mas
afirma que o certo foi feito da maneira não canônica, ou seja, o julgamento dos
jagunços, não sendo um julgamento de fato, foi um ato de justiça mais louvável que o
julgamento da maneira que se conhece. Nota-se que o processo do julgamento serviu
também para criar uma espécie de constituição jagunça em relação a presos de guerra, já
que, diferentemente de Hermógenes e Ricardão, quem não tinham dúvida acerca de
como tratar um prisioneiro – executando-o sem piedade, do ponto de vista deles –, os
jagunços humanizados de Rosa se encontraram nesse momento de frente a dúvidas de
diversas naturezas.