MITOS LITERÁRIOS E RELAÇÕES INTERTEXTUAIS NA
NARRATIVA CONTEMPORÂNEA
Maira Angélica PANDOLFI
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Resumo:
Objetiva-se realizar uma leitura comparada de três obras que, de forma diversa,
discorrem sobre um tema muito presente na literatura contemporânea: o pacto diabólico.
Embora o tema do diabo que vai tentar o homem seja muito antigo, como atestam as
passagens bíblicas da serpente que vai tentar Eva, no Antigo Testamento, ou do
demônio que tenta Jesus Cristo, no Novo Testamento, a problemática demonológica é
um tema que vamos enfocar a partir do pacto presente no mito do Fausto. A análise
busca a intertextualidade que as obras
El Príncipe de la Niebla
(1993), do espanhol
Carlos Ruiz Zafón;
Criaturas de la noche
(2004), do argentino Lázaro Covadlo e
Os
rios inumeráveis
(1997), do brasileiro Álvaro Cardoso Gomes, estabelecem com a
tradição fáustica. Essas narrativas apresentam recriações que possibilitam pensar tanto
na aproximação quanto na ruptura com o tecido fáustico tradicional e a inserção de
novos elementos nesse tecido.
Palavras-chave:
mito fáustico, pacto, intertextualidade, metamorfose, vampirismo.
As histórias lendárias do Doutor Fausto tiveram origem, segundo Mason (1989,
p.33), a partir de traços do Fausto histórico que foram fundidos com lendas e atributos
de outros personagens míticos ou reais. A primeira narrativa que conseguiu reunir essas
lendas faustianas em livro surgiu sob o nome de
Faustbuch
, em 1587, editado por
Johann Spies em Frankfurt. De acordo com Dabezies (2000, p.335), o
Faustbuch
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Professora Assistente Doutora de Língua e Literatura Espanhola do Departamento de Letras Modernas
da Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Campus de Assis,