Para compreender a atribuição dessas características, é preciso recuperar os
atributos mais comumente ligados aos nomes “ACM”,
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“Sarney”, “Jader Barbalho” e
“Severino Cavalcanti”.
ACM é a sigla para o nome do político baiano Antônio Carlos Magalhães,
envolvido em episódios bastante tensos da política brasileira. Entre os casos mais recentes,
está o episódio de 2000 em que protagonizou uma série de ofensas e acusações com o então
senador Jader Barbalho, também destacado no fragmento anterior. ACM foi também
acusado de quebra de decoro parlamentar.
Ambos os políticos – ACM e Jader Barbalho –, acusados de envolvimento em
casos de corrupção, tiveram que renunciar ao cargo para evitar que tivessem seus mandatos
cassados.
Já Sarney, também acusado de corrupção e nepotismo, aparece como figura
socialmente reconhecida sob aspectos negativos, do mesmo modo como Severino
Cavalcanti, acusado de envolvimento no caso “Mensalão”
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, escândalo este ocorrido no
primeiro mandato do governo Lula, a partir da denúncia de pagamento de “mensalidades” a
deputados para que votassem a favor de projetos de interesse do governo.
Todos esses nomes, ligados culturalmente a casos críticos e, como diz o autor,
familiares da política brasileira, servem, no contexto imediato da produção textual da
crônica, como atributos, obviamente, negativos de Lula.
O mesmo ocorre no excerto extraído de “Lula é o PT”, em que o cronista seleciona
nomes de políticos petistas envolvidos no escândalo do “Mensalão”, com o objetivo de
caracterizar (desqualificar) Lula. Com isso, o autor acaba por tentar denegrir a imagem do
então presidente da República.
Lula é o PT. Lula é Delúbio Soares. Lula é Marcos Valério. Lula é o golpismo do mensalão
e do dossiê Vedoin. (MAINARDI, 2008, p. 146) [grifos nossos]
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Segundo Neves (2000, p.107), as siglas também se comportam como nomes próprios, visto que, geralmente,
são formadas, como nesse caso, pelas iniciais dos nomes que as compõem.
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O início dos escândalos se deu com a revelação do conteúdo de uma fita em que Maurício Marinho, chefe de
um departamento nos Correios, é filmado pedindo propina a empresários em nome do deputado Roberto
Jefferson, presidente do PTB e importante aliado do governo. Em consequência, o deputado resolve denunciar
o “mensalão”, que levará ao aparecimento de muitos envolvidos, entre eles José Dirceu, Marcos Valério,
Delúbio Soares e Duda Mendonça. Com isso, muitas figuras importantes acabaram por perder seus cargos.