Telecomunicações” para que fosse permitida a fusão com a concorrente “Brasil Telecom”,
o que era legalmente proibido.
Diante desse contexto, Mainardi produz crônica com o título de “Teodoro e
Teodorino”, mediante aproximação entre dois governantes cujos filhos mantinham
empresas de canal de TV, como apresentado já de início:
Lula e Lulinha são como Teodoro e Teodorino. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo,
conhecido como "O Chefe", é o ditador da Guiné Equatorial. Está no poder desde 1979.
Teodorino é seu filho. Tem um canal de TV. Internetei para cima e para baixo e, no mundo
inteiro, só consegui encontrar esses dois casos de presidentes em exercício cujos filhos
controlam canais de TV: Lula e Lulinha, Teodoro e Teodorino.
O canal de Teodorino é o RTV Asonga. O de Lulinha é o Play TV, antigo Canal 21,
arrendado à Gamecorp pela Rede Bandeirantes. (MAINARDI, 2008, p. 111)
Já nesse momento, o referente Lula é introduzido por seu nome próprio “Lula” e
retomado pela mesma expressão, na sequência:
Por mais de trinta anos, Lula e seus parceiros denunciaram o chamado coronelismo
eletrônico, o sistema de favorecimento que garantiu a concessão de canais de TV, em nome
próprio ou de parentes, a hierarcas nordestinos como José Sarney, Fernando Collor de Mello,
ACM, Jader Barbalho, Garibaldi Alves, Albano Franco, Tasso Jereissati. Agora que Lulinha
tomou posse de um canal de TV, ninguém parece se preocupar com isso, em particular os
pelegos lulistas que controlam os sindicatos de jornalistas. Eu sempre desconfiei de que o real
desejo de Lula fosse virar um José Sarney. Pronto: virou. Lula e Lulinha são como Sarney e
Sarneyzinho. (MAINARDI, 2008, p.112) [grifos nossos]
Por se ter, primeiramente, a indicação de que Lula, em sua trajetória política, era
contrário ao sistema de favorecimento que garantia a concessão de canais de TV em nome
próprio ou de parentes, poder-se-ia atribuir a Lula caráter de hombridade em oposição a
“hierarcas nordestinos”, incluindo, entre esses, os nomes dos políticos José Sarney,
Fernando Collor de Mello, Antônio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Garibaldi Alves,
Albano Franco, Tasso Jereissati, todos esses ligados a casos de corrupção no poder.
Entretanto, observa-se que o que o autor tenciona colocar em evidência é a contradição de
Lula, apontando-o como contrário apenas quando os beneficiados eram outros políticos, já
que estaria a favor desse beneficiamento quando o envolvido é seu filho, Lulinha.