Neste texto, quando se lê o nome de Carlos Heitor Cony à frente do artigo,
logo vem à mente histórico literário do autor. Isso para um leitor de jornal - o sujeito
que possui o hábito da leitura diária, sabedor do currículo do produtor textual - pode ser
considerado como um fato relevante para se dar início a leitura do texto e não mudar
para outra seção do periódico.
Outro elemento que colabora para o reconhecimento do gênero é localização
do texto: em um espaço do jornal:
Folha de S. Paulo
, em uma determinada data de
publicação:
na terça-feira
,
10 maio de 2011
, especificamente em uma seção:
Opinião
.
Estes elementos fazem parte da constituição do gênero: onde foi encontrado e em que
situação de interação.
Em relação ao conteúdo temático, pode-se perceber que o texto versa sobre os
acontecimentos mundiais que fizeram parte das manchetes de jornais nacionais e
internacionais próximos ao dia da publicação do artigo.
Os maiores acontecimentos internacionais das últimas semanas são destacados
pelo artigo: A cerimônia do enlace entre o príncipe Willian Arthur Philip Louis e
Catherine Middleton, e também a morte de um dos maiores terroristas mundiais Osama
Bin Laden.
O produtor textual faz uso da ironia para comentar os assuntos e para
evidenciar a sua opinião sobre a banalidade de aspectos ínfimos que aconteceram e que
tanto mobilizam a impressa mundial. Assim, no quinto parágrafo do texto, há um tom
de deboche em relação à curiosidade do homem:
Em termos de
espetáculo
, estamos bem providos, pois além da caçada ao terrorista e
do casamento real, ficamos sabendo que nós, os homens deste
pobre mundo
, somos
dotados de um "plus" que a natureza nos deu para
devidas ou indevidas finalidades
.
No texto 2, o estilo empregado pelo produtor textual pode ser considerado
como coloquial, devido ao uso de expressões como: “ela chutou para escanteio” (linha
4) para se referir ao fato da notícia do casamento real não ter mais repercussões por
causa da morte de Osama Bin Laden, bem como que “baterá recordes de bilheteria”
(linha 15-16). Ao mesmo tempo, é possível perceber que o produtor lança mão de
termos mais formais, por exemplo: “nubente” (linha 9) e “fecundar” (linha10). É
justamente esse contraste de estilos que dá ao texto tom irônico, pois ora o produtor
emprega uma linguagem considerada popular ora uma linguagem culta para se referir
aos fatos que alcançaram destaque na mídia.