consumidor tem vida mas, com o produto, terá mais vida, mais possiblidades. A
utilização da palavra “mais” auxilia na construção de uma imagem negativa da vida,
com um tom de insignificância, sugerindo ao indivíduo que a melhora só é possível por
meio da adesão ao produto.
Construídos de maneira a fixar-se na mente do consumidor e transmitir uma
determinada visão de mundo, esses enunciados retomam uma série de discursos que
estão disseminados nas escolhas realizadas pelo enunciante como, por exemplo, em
“Beba Coca-Cola”, que é, ao mesmo tempo um convite, uma insinuação, mas também a
tradução de um discurso do consumo de uma bebida única, não uma outra qualquer.
Beber o refrigerante é penetrar um outro mundo, marcado pela modernidade e inovação
possíveis apenas naquele universo.
No nível discursivo, esses enunciados permitem observar a ocorrência de
formações discursivas que compreendem outros discursos que se atravessam, como o do
consumo, o de aceitação do produto, o de o sujeito se inserir em determinado modo de
vida, ou de se excluir desse modo de vida e, por isso, não ser parte de uma
modernidade. Comportam ainda, a significação de que, se o sujeito adentra esse mundo,
ele se diferencia dos outros, assumindo, por esse motivo, um outro status.
De um simples convite ao consumo, os
slogans
mais recentes adotados pela
marca foram sendo modificados, de acordo com o momento em que eram produzidos.
Desse modo, ultrapassaram a concepção de que o produto é o complemento para uma
vida melhor, mais alegre, feliz e refrescante quando colocaram o próprio refrigerante
como o centro da vida, como ocorre no
slogan
utilizado no ano de 2006, que dizia “O
lado Coca-Cola da vida”. A imagem construída é de um mundo bipartido, cuja
complementaridade se dá exclusivamente pelo uso do refrigerante que, no caso, é o
lado melhor, mais agradável e leve. Há um lado positivo e um negativo, aquele em que
não se consome o produto sendo, portanto, destituído dos aspectos positivos que este
oferece.
O discurso veiculado por esse
slogan
fortalece a ideologia do consumo de um
produto que se mostra como portador uma qualidade de vida, de um sabor a mais ao dia
a dia, ao cotidiano das pessoas. Estas são, de uma certa maneira, intimadas a participar
desse mundo mais positivo e de sabor diferenciado. O emprego do substantivo que
nomeia o produto – Coca-Cola – como adjetivo é o elemento essencial para garantir a