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administrador, já que ensina
abobrinhas
e seus alunos reproduzem as asneiras
aprendidas: “Uma vez formados, os alunos desse tipo de professor são muito fáceis de
identificar. Seus textos são permeados de abobrinhas e mais abobrinhas, cheios de
platitudes e chavões”. Essa, a nosso ver, é uma concepção redutora e preconceituosa de
ensino, pois o articulista sugere que regras, normas, estruturas são suficientes para
estabelecer efeitos de sentido e garantir bons profissionais e bons produtores de texto.
Mas o primeiro tipo de professor, o dos resultados, não se volta para os sentidos da
linguagem, liga-se à normatização e a normalização do aluno para torná-lo homogêneo
e produtivo. Para Foucault (1987, p. 154) “o poder da norma funciona dentro de um
sistema de igualdade formal, pois dentro de uma homogeneidade que é a regra, ele
introduz, como um imperativo útil e resultado de uma medida, toda a gradação das
diferenças individuais”.
Se a comparação de Kanitz está no ensino de pura gramática, vale dizer que, de
acordo o PCNEM (2002, p. 81), “o ensino de gramática não deve ser visto como um fim
em si mesmo, mas como um mecanismo para a mobilização de recursos úteis à
implementação de outras competências, como a interativa e a pessoal”. Parece-nos que a
objetividade de Kanitz não se refere a um texto coeso e claro, mas a uma construção de
sucessivas estruturas gramaticais fechadas e repetíveis. Professores humanos mostram
resultados, é possível visualizá-los, mas não necessariamente com a mesma rigidez e
metodologia que as áreas das exatas nos mostram. Para Foucault (2007b, p. 44), “todo
sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação
dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo”
.
Assim, num
suporte de grande visibilidade, as FDs defendidas por Kanitz geram saberes que
extrapolam o limite dos resultados, estes tão desejados pela mídia que representa.
No entanto, esse articulista não está
sozinho
nesse intuito de reforçar os
fracassos de alguns professores, do sistema de ensino. Os discursos de Castro se
inscrevem nessa mesma FD. Há, portanto, um atravessamento de discursos entre os de
Kanitz e os de Castro que corrobora, refuta, modifica e apaga as condições de
emergência de discursos outros. Observemos, então, como o discurso de Castro
categoriza o tipo específico de professor que compromete o desenvolvimento da boa
educação: “o resultado é trágico. Hoje são formados nas faculdades de Educação não
apenas os orientadores, mas a esmagadora maioria dos que vão ser professores de sala